ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 13-10-2005.

 


Aos treze dias do mês de outubro do ano de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mario Fraga, Neuza Canabarro, Raul Carrion e Sebastião Melo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson, Ibsen Pinheiro, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Maristela Maffei, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulo Odone, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador Adeli Sell, os Pedidos de Providências nos 2385, 2386, 2388, 2390, 2392, 2394 e 2395/05 (Processos nos 5994, 5995, 5997, 5999, 6001, 6003 e 6004/05, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 279/05 (Processo nº 5848/05); pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº 282/05 (Processo nº 5954/05); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 2360, 2366, 2367, 2368, 2369, 2370, 2371, 2372, 2373, 2374, 2375, 2376, 2377, 2378, 2379, 2380, 2381, 2382 e 2384/05 (Processos nos 5929, 5960, 5961, 5962, 5963, 5964, 5965, 5966, 5967, 5968, 5969, 5970, 5971, 5972, 5983, 5984, 5985, 5986 e 5993/05, respectivamente); pelo Vereador José Ismael Heinen, os Pedidos de Providências nos 2354, 2355 e 2356/05 (Processos nos 5917, 5918 e 5919/05, respectivamente); pela Vereadora Manuela d'Ávila, os Pedidos de Informações nos 250 e 251/05 (Processos nos 5836 e 5837/05) e o Projeto de Resolução nº 119/05 (Processo nº 4291/05); pela Vereadora Margarete Moraes, o Pedido de Informações nº 247/05 (Processo nº 5788/05); pelo Vereador Maurício Dziedricki, os Pedidos de Providências nos 2363, 2364 e 2365/05 (Processos nos 5955, 5956 e 5957/05, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 275/05 (Processo nº 5786/05). Do EXPEDIENTE, constou o Ofício no 036/05, da Senhora Gisele de Cássia Tavares, Coordenadora-Geral do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Na ocasião, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Nona, Octogésima e Octogésima Primeira Sessões Ordinárias e da Quadragésima Segunda, Quadragésima Terceira e Quadragésima Quarta Sessões Solenes, que deixaram de ser votadas, em face da inexistência de quórum deliberativo. Também, por solicitação do Vereador Elói Guimarães, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Poeta e Músico Luiz Menezes, falecido no dia doze de outubro do corrente. Após, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Elói Guimarães, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em seguida, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Carlos Otaviano Brenner de Moraes, Presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul – AMPRGS, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Senhoria se encontra nesta Casa para homenagem relativa ao transcurso do sexagésimo quarto aniversário dessa Associação. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Nereu D'Avila, que, em nome da Casa, discorreu a respeito da criação da Associação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, ressaltando que as diretrizes dessa instituição priorizam a defesa dos direitos sociais e individuais dos cidadãos. Em relação ao assunto, mencionou que apesar da atual conjuntura política enfrentada pelo País, o Ministério Público mostra-se como uma entidade sólida e confiável. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ibsen Pinheiro, parabenizando a Associação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul pelo transcurso dos seus sessenta e quatro anos, discursou a respeito da importância do Ministério Público e seus agentes como representantes dos interesses da sociedade e na defesa da ordem jurídica e do regime democrático e afirmou, ainda, que o cidadão tem nesse Órgão público um aliado em favor de suas reivindicações. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Nereu D'Avila para proceder à entrega de Diploma relativo aos sessenta e quatro anos da Associação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul ao Senhor Carlos Otaviano Brenner de Moraes, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que, em nome dessa entidade, agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo. Às quatorze horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Gilmar Dal’Osto Rossa e da Senhora Maria Cristina Gonçalves da Costa, respectivamente Presidente e Vice-Presidenta do Instituto Recriar, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Gilmar Dal’Osto Rossa, que discursou acerca da Casa Amarela da Araucária e do Instituto Recriar, destacando que essas instituições buscam amenizar o problema dos meninos de rua na Cidade. Também, criticou o Governo Federal pela desigualdade social verificada no País e contestou Projetos do Executivo Municipal sobre essa área, cobrando a construção de mais casas para acolhimento de crianças desamparadas. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Ervino Besson, Claudio Sebenelo, Raul Carrion, Adeli Sell, Maurício Dziedricki, João Antonio Dib e Bernardino Vendruscolo manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Também, o Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando sejam enviadas cópias dos apanhados taquigráficos do pronunciamento do Senhor Gilmar Dal’Osto Rossa e das manifestações, com base no artigo 206 do Regimento, dos Senhores Vereadores, para a Fundação de Assistência Social e Cidadania, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer, Secretaria Municipal da Juventude e Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana. Às quinze horas e dez minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e onze minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Maria Tereza Dresch da Silveira, Presidenta do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região do Estado do Rio Grande do Sul – CREFITO, convidando-a a integrar a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Senhoria se encontra nesta Casa para assinalar o transcurso do Dia do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Aldacir Oliboni, que discorreu sobre o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região do Estado do Rio Grande do Sul, destacando as conquistas dessa entidade ao longo de seus trinta e seis anos de existência, citando a regulamentação da profissão como um exemplo positivo da atuação desse Conselho. Ainda, chamou a atenção para a importância do trabalho social desenvolvido na área da saúde por essas categorias profissionais. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Aldacir Oliboni para proceder à entrega de Diploma referente ao transcurso do Dia do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional à Senhora Maria Tereza Dresch da Silveira, concedendo a palavra a Sua Senhoria que, em nome do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região do Estado do Rio Grande do Sul, agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo. Às quinze horas e vinte e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, tendo o Senhor Presidente informado que, durante esse período, seria realizada homenagem à Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul – AAPERGS. Compuseram a Mesa: o Vereador Aldacir Oliboni, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e os Senhores Evanir Júlio de Freitas, Cláudio Canalis Goulart e Arli Vaz Nunes, respectivamente Presidente, Presidente do Conselho Deliberativo e Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion discorreu sobre a fundação, em quinze de outubro de mil novecentos e setenta e cinco, e sobre a história da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul, mencionando os projetos e cursos proporcionados por essa Associação a seus filiados. Também, analisou criticamente a situação decorrente das privatizações do setor energético brasileiro e elogiou as ações do atual Governo Federal nessa área. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Raul Carrion para proceder à entrega de Diploma e Placa de metal à Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul, na pessoa do Senhor Evanir Júlio de Freitas, concedendo a palavra a Sua Senhoria que, em nome dessa entidade, agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo. Às quinze horas e cinqüenta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Carlos Comassetto reportou-se à consulta popular sobre a proibição de vendas de armas de fogo e munições no País, noticiando ter participado de ato denominado “Restinga pela Paz”, no qual houve incidente com arma de fogo, opinando que, provavelmente, essa arma tenha sido tomada de alguém que a comprou legalmente. Ainda, esclareceu aspectos da Lei do Desarmamento, apontando argumentos favoráveis à proibição de armas e munições. Na oportunidade, os Vereadores Claudio Sebenelo, Sofia Cavedon e Carlos Comassetto manifestaram-se acerca da possibilidade legal de os Senhores Vereadores pronunciarem-se relativamente ao referendo sobre o comércio de armas de fogo e munições, a ser realizado no dia vinte e três de outubro do corrente. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador Elói Guimarães relatou orientações do Tribunal Regional Eleitoral, no sentido de que seja garantido um equilíbrio nas manifestações efetuadas neste Legislativo, contrárias ou favoráveis ao artigo 35 da Lei Federal nº 10.826/03, objeto do referendo popular do dia vinte e três de outubro do corrente. Ainda, informou que a condução desse debate será analisada semanalmente nas reuniões realizadas pela Mesa Diretora com o Colégio de Líderes. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell avaliou a situação dos moradores de rua de Porto Alegre, referindo-se aos pronunciamentos a esse respeito hoje efetuados na Casa durante o período de Tribuna Popular. Também, solicitou das organizações de voluntariado que atuem de forma conjunta com a Fundação de Assistência Social e Cidadania e que exijam do Governo Municipal a transferência da população de rua para espaços onde recebam atendimento digno e condições reais de inclusão social. O Vereador Maurício Dziedricki registrou sua indignação com pichações observadas em prédios e monumentos da Cidade, citando o artigo 65 da Lei Federal nº 9.605/98, que considera essa manifestação crime ambiental, com pena de detenção de três meses a um ano. Nesse sentido, ressalvando diferenças encontradas entre o desenho em grafite e a pichação, propugnou por políticas públicas que reconheçam o grafitismo como expressão de arte, mas punam devidamente a prática de pichação. O Vereador Aldacir Oliboni criticou a gestão do Prefeito José Fogaça em termos de política de pessoal, lembrando promessas por ele efetuadas na campanha eleitoral de dois mil e quatro, referentes à manutenção do reajuste bimestral de salário dos servidores públicos municipais. Ainda, apoiou a mobilização empreendida pelos municipários, por melhores condições salariais e de trabalho, abordando o Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, em tramitação na Casa, que trata do assunto. O Vereador Bernardino Vendruscolo contestou Veto aposto pelo Governo Municipal ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n º 011/05, que possibilita o parcelamento do Imposto sobre a Transmissão Inter-Vivos – ITBI, afirmando que sua proposta atende a demanda de cidadãos interessados na regularização de seus imóveis. Finalizando, entregou à Vereadora Margarete Moraes uma fotografia do pai dessa Parlamentar, enviada pelo Senhor Volnei Radaelle, do Município de Iraí – RS. O Vereador Dr. Goulart discorreu sobre o atendimento público de saúde a que tem acesso a população porto-alegrense, asseverando que se observa falta de médicos em algumas regiões de Porto Alegre, em especial nas comunidades localizadas no Extremo Sul da Cidade. Igualmente, registrou ser favorável à concessão de compensações salariais aos profissionais que atuem nessa região, em vista das dificuldades de acesso por eles vivenciadas diariamente no cumprimento de suas atividades. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Dr. Goulart, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca do sistema público de saúde, comentou a carência de recursos humanos verificada em postos médicos municipais. Também, referiu-se ao Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, que trata da política salarial dos municipários, e ao Pedido de Providências nº 135/05, de sua autoria, relativo à criação do Plano de Carreira, Cargos e Salários dos Profissionais da Saúde. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib reportou-se ao Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, questionando propostas encaminhadas por Vereadores deste Legislativo, de solicitação de retirada desse Projeto e realização de Audiência Pública para análise do assunto. Sobre o tema, propôs o agendamento de reunião entre os Vereadores e o Senhor Prefeito Municipal, para que sejam dirimidas dúvidas e definidos os índices do reajuste salarial a ser concedido aos municipários de Porto Alegre. Após, o Vereador Mario Fraga formulou Requerimento verbal, solicitando reunião conjunta de Comissões Permanentes para votação do Parecer de autoria do Vereador Luiz Braz, aposto ao Projeto de Lei do Executivo nº 010/05, tendo o Senhor Presidente informado que essa reunião já havia sido definida durante reunião do Colégio de Líderes, ocorrida no dia dez de outubro do corrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei elogiou a Presidência e a Diretoria-Geral deste Legislativo, pela forma como foram redistribuídos os espaços da Casa e definida a nova sala da Bancada do Partido Socialista Brasileiro. Também, criticou a política de pessoal implementada pelo Prefeito José Fogaça, alegando que o Projeto de Lei do Executivo nº 023/05 não propõe novos parâmetros salariais e ainda retira os reajustes bimestrais a que tinham direito os municipários. Às dezessete horas e dezesseis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezessete horas e quarenta e três minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Senhor Presidente informou que no dia dezessete de outubro do corrente, após o término da Sessão Ordinária, ocorrerá reunião dos Vereadores deste Legislativo com representantes dos municipários e do Executivo Municipal, para debate do Projeto de Lei do Executivo nº 023/05, e que amanhã, às nove horas e trinta minutos, o Prefeito José Fogaça, acompanhado de Secretários Municipais, comparecerá neste Legislativo para entrega do Projeto de Lei relativo ao Orçamento de Porto Alegre para o ano de dois mil e seis. Em prosseguimento, o Vereador Mario Fraga formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando verificação de quórum, tendo se manifestado a respeito o Vereador Raul Carrion. Às dezessete horas e quarenta e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Mario Fraga, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães, Aldacir Oliboni e Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu, Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu vou pedir um minuto de silêncio pelo falecimento do grande compositor, poeta e instrumentista Luiz Menezes, criador do “Piazito Carreteiro”, hoje velado no CTG 35 e, ao meio-dia, deslocado para sua terra natal, Quarai.

Portanto, peço aos Srs. Vereadores e demais presentes que prestemos um minuto de silêncio.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Hoje nós temos a Tribuna Popular e o comparecimento da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, pelo transcurso dos seus 64 anos. Nós vamos submeter à deliberação do Plenário um acerto feito entre as partes. Primeiro comparecimento da Associação e, logo após, a Tribuna Popular. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a alteração na ordem dos trabalhos permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Convido o Dr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, que é Presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, a compor a Mesa. Queremos saudar os demais promotores e promotoras aqui presentes, e dizer da satisfação da Casa em poder registrar este momento, o aniversário da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Passamos a palavra ao proponente do comparecimento, Ver. Nereu D’Avila, para que fale em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Elói Guimarães; Exmo Sr. Dr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, Presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, demais autoridades, representantes da imprensa, senhoras e senhores, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que se orgulha de ser o tambor das repercussões de todos os movimentos e de todas as representações populares da cidade de Porto Alegre, tem a honra de prestar uma homenagem aos 64 anos de existência da Associação do Ministério Público do Estado Rio Grande do Sul. No dia 08 de outubro de 1941 essa Associação foi fundada e de lá para cá tem honrado com as tradições, não só da ilustre corporação do Ministério Público gaúcho, mas também da sociedade rio-grandense. A Associação congrega Promotores e Procuradores de Justiça com o objetivo de fortalecer o espírito da classe em defesa da instituição do Ministério Público.

Aproximando-se agora dos seus 65 anos, acompanhou a evolução dos direitos na era em que mais se acentuam os de terceira dimensão, com foco nos interesses sociais e com o compromisso na responsabilidade social. Propõe essa Associação o respeito à independência entre os Poderes e sempre proclama a sua forte reflexão sobre o papel da instituição do Ministério Público na luta pela manutenção das conquistas institucionais, mas também sobre a posição que ocupa num cenário de liberdade, igualdade e reconhecimento dos direitos humanos. Busca a Associação, de forma incessante nestes seus 64 anos, que a instituição Ministério Público permaneça reconhecida por lei como indispensável à defesa dos direitos sociais e individuais indisponíveis, como saúde, educação, trabalho e cidadania. Para isso, unindo esforços de todos os seus associados, em atividade ou já aposentados, propõe discussões que levem ao aperfeiçoamento das idéias e convicções de uma classe privilegiada por promover a justiça. São 1.025 colegas que fazem a história da Associação, entre outros tantos que escreveram, nestes 64 anos de existência, o dia-a-dia de contínua luta pelo reconhecimento de sua importância, resguardando sua autonomia, mas fortalecendo o espírito democrático que deve orientar o Ministério Público.

Neste momento delicado por que passa a Nação, sem dúvida, o Ministério Público tem-se destacado como guardião da sociedade, como defensor dos interesses de todos aqueles, às vezes usurpados, dos seus direitos, quer lá numa pequena comuna, quer lá nos atapetados corredores de Brasília. O Ministério Público, após a Constituição de 1988, recebeu uma nova proposta de convívio com a sociedade, mais ousada, mais permanente junto aos anseios do povo, e não desmereceu o que lhe outorgou a Constituição de 1988 não só nesses 64 anos, mas já antes de 1988 cumpria o seu papel destacado como defensor das comunidades, das sociedades, dos oprimidos e após 1988, ampliado o seu papel, soube tornar-se merecedor e credor da confiança dos concidadãos de todos os rincões do País, porque tem, nesses seus 64 anos, honrado as tradições do povo gaúcho, e, de resto, em todo o País, como instituição que só tem feito por merecer. É uma das instituições mais credoras da confiança do povo brasileiro, hoje tão desconfiado com tudo aquilo que provém da lama dos altos escalões de Brasília. Mas, o Ministério Público gaúcho, que hoje homenageamos pelos seus 64 anos, tem, na galeria de seus presidentes, alguns que já se foram e outros tantos que ainda permanecem conosco. Seria injusto que eu citasse alguns e deixasse outros de fora.

Portanto, Sr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, Presidente da Diretoria do biênio 2004-2006 - e aqui tenho o rol daqueles liderados por V. Sa. -, transmita a todos que esses 64 anos não foram em vão; transmita toda a confiança do povo de Porto Alegre, pelo qual falamos, que nós sabemos que a instituição está convivendo com todos os problemas e está plena das suas responsabilidades, nunca abandonadas, para com aqueles que necessitam.

Temos a satisfação de entregar, dentro de instantes, um Diploma com o brasão desta Câmara, portanto com o aval dos 36 Vereadores e Vereadoras consta (Lê.): “A Câmara Municipal de Porto Alegre confere à Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul o presente Diploma, pelo transcurso de seus 64 anos de fundação e valiosa contribuição à sociedade porto-alegrense”.

Era isso, e com muita satisfação, nós queremos dizer que são seis décadas e meia e que no ano que vem serão 65 anos. Esses 64 anos completados agora no dia 8 de outubro, sem dúvida, muito nos orgulham e nos animam, pois apesar dos pesares e de todas as decepções que temos com instituições neste País e neste Estado, sem dúvida, esta ponteia como uma das quais nós mais nos orgulhamos: o Ministério Público representado por sua gloriosa Associação. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente Ver. Elói Guimarães; Sr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, Presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul; senhores líderes da Instituição, integrantes da classe que nos visitam para honra nossa; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, a Bancada do PMDB sentiu-se no dever de trazer aqui uma manifestação que suponho transcende dos limites de uma Bancada. Não tenho delegação, mas sei que falo por um espírito absolutamente dominante nesta Casa de respeito ao Ministério Público. E é um respeito que nos últimos anos se identifica com algumas circunstâncias muito precisas, especialmente aquelas que decorrem das atribuições cometidas ao Ministério Público pelo art. 127 da Constituição Federal de 1988. Mas, em verdade, remonta este respeito da sociedade moderna ao Ministério Público desde o seu surgimento, desde a sua origem, basicamente como órgão da acusação e da perseguição criminal. O Ministério Público incorpora o sentimento da sociedade em favor da ordem, da disputa civilizada e da solução judicial dos conflitos humanos. E a figura do Promotor, desde o tempo em que entre nós se chamava Promotor Público, e que envolveu figuras da estatura de um Getúlio Vargas, desde sempre o Ministério Público, até mesmo no imaginário das pessoas, foi associado com a figura do espadachim da sociedade. É claro que a sociedade tem apreço por todas as instituições, especialmente as republicanas, mas, mesmo antes disso, desde que os procuradores do rei conduziam os processos criminais, desde que há entre nós uma legislação ordinária baseada até mesmo em meros decretos, começou a modelar a figura do Promotor que traz a essa associação com a idéia de justiça e com a idéia de promoção ativa da justiça. Os Promotores gostam de dizer, de si próprios, que são a magistratura em pé! É uma imagem interessante, porque os magistrados julgadores têm, na sua própria natureza, a inércia. Isso é o que há de mais característico e precioso no caráter do Poder Judiciário: a necessidade de ser provocado para dirimir conflitos, tanto que quando assistimos a um julgador ansioso pelas tribunas, nós o identificamos como qualquer coisa, menos com a figura do julgador. Mas o Promotor é magistrado também, como são magistrados, pelo menos no significado que os romanos, que a república romana dava a essa figura, são magistrados que cumprem também o cursus honorum, como são magistrados também os legisladores e os agentes do Poder Executivo; mas é o Promotor, aquela figura que associou o imaginário das pessoas à idéia do cavaleiro solitário - há alguns anos se dizia que o Promotor era ele e a sua máquina de escrever. Os tempos mudaram, não só pela máquina de escrever, substituída pelo teclado e o mouse de um computador, mas muito mais pela estruturação que, hoje, o Ministério Público precisa e da qual não prescinde para representar a sociedade, especialmente nos seus interesses indisponíveis, especialmente, da defesa da ordem jurídica e do regime democrático. Pude testemunhar e ser, também, partícipe da construção que se fez na Constituição de 1988. E ali é um testemunho que trago desde então. As contribuições pessoais que houve foram meramente resultantes de um espírito que já vinha dentro da categoria e da instituição Ministério Público, porque os líderes da classe e da Instituição chegaram em Brasília, no final de 1986, começo de 1987, com um projeto de Ministério Público na cabeça, para que se passasse ao papel. Foi, a rigor, a única Instituição pública que chegou a Brasília para inovar, naquela ocasião. Não é desdouro, mas é fato que as demais lá chegaram pregando que se deixasse como estava, até porque as instituições tinham proteções, inclusive funcionais, expressivas. Então, é fato que o Poder Executivo batalhou para ficar como estava, e ficou. O Poder Legislativo cuidou de ficar como estava, e ficou. E o Poder Judiciário mobilizou-se para que tudo ficasse como estava, e ficou. O Ministério Público, especialmente o dos Estados já trazia a inovação na própria distinção entre a representação judicial do Estado e a função ministerial para levá-la a essa distinção, em nível de República, como garantia do cidadão. E, hoje, o cidadão sabe, as pessoas mais simples sabem que, quando não têm a quem recorrer, têm o Ministério Público para fazê-lo. Ouvem-se muitas vozes insatisfeitas, são muitas, mas são minoritárias, porque a imensa maioria da sociedade percebe que o avanço militou em favor da própria sociedade. Por isso, em nome do nosso Líder, Ver. Sebastião Melo, dos seus liderados Vereadores Haroldo de Souza, Bernardino Vendruscolo e em meu próprio nome, mas tenho certeza de que, em nome de um sentimento – que não me confere o mandato, mas eu me atrevo a dizer – absolutamente dominante nesta Casa, é que fiz questão de trazer a esta tribuna os cumprimentos do PMDB à instituição Ministério Público, aos seus integrantes e à liderança da classe, repisando que quase não se distingue onde começa uma e termina a outra, tal é a identificação pelo interesse público.

Parabéns à Associação, parabéns Presidente da Associação, parabéns aos líderes e integrantes da categoria dos promotores e procuradores de justiça. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos o proponente desta homenagem, Ver. Nereu D’Avila, para proceder a entrega do Diploma à Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul pelo transcurso do seu 64º ano de fundação.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Casa, por meio do Ver. Nereu D’Avila e do Ver. Ibsen Pinheiro, Promotor de Justiça, fez-se ouvir, homenageando esta grande Instituição, o nosso Ministério Público, e, em especial, a Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, pelo transcurso do seu 64º aniversário.

O Dr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, Presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, está com a palavra.

 

O SR. CARLOS OTAVIANO BRENNER DE MORAES: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A Associação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, que é a entidade que reúne a classe dos promotores e procuradores gaúchos, sente-se profundamente honrada com esta homenagem que lhe é prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre, quando completa 64 anos de existência, razão pela qual manifesta o seu agradecimento a essa demonstração de afeto, de carinho da representação política da Capital do nosso Estado para com a categoria. E se me permitem as Sras. Vereadoras e os Srs. Vereadores, gostaria de fazer um agradecimento especial ao Ver. Nereu D'Avila pela sua iniciativa, porque esse diploma encerra, não apenas um tributo à nossa entidade de classe, mas traduz a sensibilidade da Câmara Municipal para com aqueles que compõem a entidade e que ao longo desses seus 64 anos de existência pretenderam contribuir com as suas atividades no desenvolvimento do homem e da comunidade do Rio Grande.

Se há uma instituição de Estado, e com franqueza me permitam dizer, no País, notadamente nas duas últimas décadas que produziu resultados em prol da sociedade, foi a do Ministério Público. Tivemos esse desenvolvimento institucional em prol do desenvolvimento do homem e das comunidades, muito pela ação profícua das Associações Estaduais do Ministério Público, que, como entidades que reúnem a classe, de um lado, impulsionaram, moveram a instituição à assunção de novas parcelas de responsabilidade pela melhoria do cenário nacional, também contribuíram na formação das suas respectivas lideranças daqueles que um dia deram ao então Presidente, honrado Presidente do Congresso Nacional, da Câmara de Deputados, o nosso colega de Ministério Público, hoje Vereador, Ibsen Pinheiro, a nítida demonstração do compromisso que tinham com as transformações sociais que naquela época se exigiam.

Então, a nossa Associação de classe sente-se, sim, partícipe desse processo do desenvolvimento do Ministério Público e também partícipe nos resultados sociais que a instituição, ao longo desses anos, tem produzido, razão pela qual, tendo na origem a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, não poderia ser outro o seu sentimento senão o de honra e de muita alegria, que traduzo, em nome de nossos colegas, pela solenidade e pelo ato que aqui se dá. A todas as senhoras e a todos os senhores, o nosso agradecimento e a nossa solidariedade.

O Ministério Público não apenas procurou alcançar outras áreas essenciais da cidadania, mas também tem se feito um parceiro dos Poderes de Estado - do Executivo, do Legislativo, do Judiciário - pelo aprimoramento das instituições e pelo engrandecimento e amadurecimento do próprio regime democrático no Brasil, pois a nossa Associação não tem outro objetivo senão o de estar ao lado da sociedade, e aqui a representação por excelência na nossa Capital do Estado, na nossa Porto Alegre. Mais uma vez, Presidente, Ver. Nereu d’Avila, Ver. Ibsen Pinheiro, que em nome de todos os seus colegas manifestou-se com carinho à Associação, os cumprimentos pela data, e os nossos agradecimentos a todos pela atenção. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estamos encerrando esta parte da Sessão que presta homenagem, de inteira justiça, ao 64º aniversário da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Já foi dito pelo proponente, pelo Procurador de Justiça Ver. Ibsen Pinheiro, da importância do Ministério Público. Em síntese, o ministério Público é um titular da ação pública, isso dá exatamente a dimensão maior do Ministério Público, que é parte, é bem verdade, mas é parte na defesa da sociedade. O Ministério Público, titular da ação pública, é exatamente defensor da sociedade, e a partir da Constituição de 1988, o Ministério Público ganhou, como se impunha, papéis relevantíssimos nos mais diferentes terrenos - da criança, do meio ambiente, enfim, de todos os setores vitais da sociedade. Portanto, Dr. Carlos Otaviano Brenner de Moraes, leve, já aqui manifestado, o carinho, a saudação, a homenagem da Casa pelo transcurso do 64º aniversário dessa importante instituição que é a Associação que congrega os Procuradores e Promotores de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Gostaria de dizer a V. Exª que nós tivemos o Diretor-Geral, hoje Promotor, Dr. Alexander Thomé, esposo da Karina e genro do nosso proponente, Ver. Nereu D’Avila, que prestou relevantes serviços, pela sua inteligência, pela sua capacidade, como Diretor-Geral da Casa, e hoje serve ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni - 14h38min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Convidamos o Sr. Gilmar Dal’Osto Rossa e a Srª Maria Cristina Gonçalves da Costa, respectivamente Presidente e Vice-Presidente do Instituto Recriar, a fazerem parte da Mesa.

O Sr. Gilmar Dal’Osto Rossa, representando o Instituto Recriar, está com a palavra, para tratar de assunto relativo à Casa Amarela da Araucária – uma ação concreta para os meninos em situação de rua, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. GILMAR DAL’OSTO ROSSA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, amigos do Instituto Recriar e da Casa Amarela da Araucária, senhoras e senhores, é a primeira vez que ocupo esta tribuna, e o faço como um dever cidadão de ser o porta-voz de uma relevante causa que diante da ineficiência do Poder Público tem tomado o tempo de militantes sociais e consumido a vida de incontáveis crianças e adolescentes. Refiro-me à causa da infância e juventude abandonadas e da falta de espaços de acolhimento em Porto Alegre para elas. Não haverá de ser por falta de apoio governamental que o Brasil ocupa apenas o segundo lugar em concentração de renda e desigualdade social. A culpa de não sermos os primeiros deve-se à parcela da sociedade que insiste em buscar alternativas para diminuir o abismo social que os governos, em todas as esferas, ao longo da existência do Brasil, insistem em aprofundar. O assunto “crianças de rua” tem servido apenas para teses acadêmicas e promessas eleitorais. Seminários, encontros, colóquios, reuniões não têm produzido nenhuma resolubilidade, senão justificar o salário dos participantes.

Muitos se preocupam com essa causa, mas a grande maioria está insensível.

Como alguém pode ficar insensível ao ver um menino de 10, 12 anos de idade entorpecido e dormindo ao relento? Como ainda podemos não ter consciência de que essa violência contra um ser tão indefeso é a face mais cruel da existência humana?

 As propostas dos responsáveis pelas políticas sociais, responsáveis esses que dormem em cama quentinha, passam sempre pelo discurso fácil de que as famílias têm de cuidar dos seus filhos. Como que lavando as mãos, esquecem que grande parte das crianças que vivem nas ruas não tem mais família, não tem mais ninguém, ou foram expulsas de casa por negligência dos pais, ou são órfãs, ou seus pais estão presos, ou foram abusadas e preferiram a rua à violência familiar.

A propósito, pesquisa divulgada pela Prefeitura de Porto Alegre e publicada na edição do dia 11 de outubro do jornal Correio do Povo aponta o número de 637 crianças em situação de rua. Desse total, 77% têm mãe presente, mas para 100% a figura paterna é ausente. Portanto 23% dessas crianças, ou seja, 147 crianças não têm pai nem mãe, e para essas, dentro do que o Governo Municipal pretensiosamente chamou de Projeto Infância e Juventude Protegida, não vimos nenhuma ação concreta em execução que dê conta de acolhê-las e protegê-las imediata e integralmente.

Na matéria publicada, ou o jornalista não soube escrever, ou o Prefeito disse generalidades, válidas para qualquer situação. Disse o Prefeito (Lê.): “O foco é fortalecer as políticas, sedimentar e tornar a Prefeitura cada vez mais comprometida com o projeto. Pretendemos elevar a atuação da rede e integrá-la aos programas governamentais.” Terminada a notícia, restou a impressão de que nada de consistente tinha sido dito. Os abrigos institucionais constituídos atualmente são vergonhosos espaços de violação de direitos.

A solução clássica e barata de recolher menores em um “abrigão”, com monitores para monitorar, guarda na portaria, uma placa na frente, coisa para 30 guris, está ultrapassada e, perante o Estatuto da Criança e Adolescente, é ilegal.

As crianças e os jovens querem um lugar para morar dignamente, para dormir, estudar, enfim, viver sua infância e juventude. Mas não querem ir para um lugar que já tenha no nome o estigma da palavra abrigo, numa visão distorcida que mais se preocupa em homenagear determinada pessoa, uma educadora, um deputado, um desembargador, do que realmente ser um lugar de moradia digna.

Uma criança é apenas uma criança. Se ela não for protegida, tornar-se-á um jovem de rua e, mais dia, um homem de rua.

Em 2000, o Instituto Recriar, com a constituição da Casa Amarela, uma casa de acolhimento para meninos abandonados, ousou enfrentar esse desafio de transformar a degradação em dignidade.

Nossa metodologia é absolutamente inovadora, pois se preocupa em adotar a criança na sua integralidade e individualidade. A Casa Amarela não é um abrigo. A Casa Amarela procura recriar uma família que tenha na sua essência o amor e o respeito mútuo.

A Casa Amarela já acolheu 35 meninos – aqueles mesmos guris que a gente via nos dias frios e chuvosos dormindo sob marquises. Depois de bem cuidados, alguns retornaram para algum parente ou foram adotados; outros optaram em sair da casa após terem conseguido um trabalho. Atualmente acolhemos 13 meninos que não têm mais ninguém por eles.

Desenvolvendo esse trabalho durante cinco anos, a partir de uma visão humanista, cidadã e de construção de direitos, temos a convicção de que a vida dos meninos adotados pela Casa Amarela se transformou - com todas as conseqüências benéficas que essa experimentação dos direitos opera na vida do menino de rua - dentro dos limites que o sentimento de abandono pelos pais permite.

A experiência adquirida nos obriga a afirmar que faltam espaços que realmente acolham crianças abandonadas – nem que seja temporariamente, até o seu regresso para algum familiar ou encaminhamento para uma família substituta. Temos sido demandados pelo Conselho Tutelar a acolher meninos que estão em tratamento de desintoxicação em clínicas psiquiátricas e que não têm para aonde ir depois da internação. Da mesma forma, meninos órfãos ou vítimas de maus-tratos que são encontrados com bastante tempo de vida na rua estão à espera de um lugar digno de moradia. Se tivéssemos recursos financeiros, teríamos replicado a Casa Amarela, visto a quantidade de pedidos que o Conselho Tutelar, a Educação Social de Rua e mesmo os abrigos institucionais nos apresentam diariamente.

Mas esse trabalho de construção de direitos humanos tem um preço. Para, de fato, resgatar a criança, cuidar dos aspectos físicos, mentais, emocionais e psicológicos presentes e prepará-las para uma vida adulta independente são necessários uma série de atendimentos de uma equipe de educadores dedicados exclusivamente a cuidá-las nas 24 horas do dia, além de dezenas de parceiros.

Somos mantidos por contribuições espontâneas de um grupo de apoiadores, pessoas físicas comprometidas com os direitos de crianças e adolescentes, por editais do CMDCA e por doações via Funcriança. Nossa despesa mensal é em torno de 13 mil reais. Com as contribuições ordinárias, arrecadamos a metade; o restante está sempre a nos exigir.

Temos recebido muitos elogios, mas são poucos os que sustentam esse projeto. A esses, nosso mais profundo agradecimento.

Os Governos têm sido medíocres especialmente nessa causa. Se o Instituto Recriar, uma entidade tão modesta, consegue, através da Casa Amarela, realizar transformações tão profundas e benéficas na vida de crianças, imaginem o que poderia o Poder Público se tivesse verdadeiramente compromisso com a infância abandonada! As injustiças, por serem históricas, não se justificam.

Contam os livros que, na viagem de Cabral, meninos vendidos pelos pais para servirem de grumetes e pajens abandonaram a frota. “Brava gente brasileira” essas crianças! Preferiram viver com os selvagens ao trabalho forçado e aos abusos do seu próprio povo. O Brasil nasceu, pois, violando direitos.

Cinco séculos depois, pouca coisa mudou. A continuar essa inércia generalizada das autoridades e sociedade, ainda seremos campeões mundiais em desigualdades. Quem sobreviver, verá!

Recentemente, em um debate na TVCâmara, a Diretora Técnica da FASC informou que dez casas seriam construídas para acolhimento de crianças. Queremos cobrar, desta tribuna, quando elas sairão do simples projeto, e saber uma data em que elas estarão em funcionamento.

Pedimos aqui o apoio desta Casa para cobrar a abertura imediata de mais casas de acolhimento em Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Nós ouvimos o Sr. Gilmar, Presidente do Instituto Recriar - Casa Amarela da Araucária – Uma Ação Concreta para os Meninos em Situação de Rua.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, neste momento, Ver. Aldacir Oliboni; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; Sr. Gilmar Dal’Osto Rossa, Presidente; Srª Maria Cristina Gonçalves da Costa, Vice-Presidente da Casa Amarela da Araucária – Uma Ação Concreta para os Meninos em Situação de Rua; eu quero dizer a vocês que, se há um Partido hoje, neste País, que, de cabeça erguida, pode falar algo na linha das crianças é o meu Partido - Partido Democrático Trabalhista, PDT.

A história do Brizola é conhecida em todos os cantos deste País e até fora: construção de CIEPs e CIEMs. E, depois, foi dado seguimento pelo nosso sempre querido Governador Alceu de Deus Collares, que criou vários CIEMs espalhados por este nosso Rio Grande do Sul. Se quisermos mudar este nosso País - todos nós queremos, como vocês também têm essa linha de intenção -, temos que investir nos nossos jovens. Portanto falo de cabeça erguida!

E também quero destacar hoje um projeto da Secretaria de Educação do Estado, do Secretário José Fortunati: Projeto Escola Aberta, que também não deixa de ser um investimento para os nossos jovens e para essas crianças.

E também há outro projeto do nosso Secretário João Bosco Vaz: Bonde da Cidadania. Portanto nós temos Programas para os nossos jovens. É claro que outras entidades, como a de vocês, que se juntam, são bem-vindas. Nós temos muito que fazer em cima dos nossos jovens, e a sociedade também tem de dar a sua parcela de colaboração.

Quando isso acontecer - das entidades e os Governos estarem unidos, prontamente com a comunidade -, sem dúvida nenhuma, vamos criar melhores condições para um futuro melhor para as nossas crianças. Parabéns pelo trabalho de vocês.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Dr. Gilmar, apesar da sua profunda antipatia por nomes de políticos - e eu entendo o porquê -, apesar de eu achar que não dá para generalizar - há políticos decentes fazendo muito bom trabalho, especialmente aqui no Rio Grande do Sul -, quero elogiar o seu trabalho e dizer o seguinte: junto com a Verª Sofia Cavedon nós participamos de eventos aqui em relação à educação infantil, em relação à criança de rua. Nós responsabilizamos a existência da criminalidade à nossa sociedade, que entende como prevenção da criminalidade apenas um policiamento ostensivo repressivo, quando a prevenção se encontra desde o primeiro dia de vida, até o quinto, sexto ano do nenê que começa a formar o seu cérebro dentro da família e, se não houver família, dentro das creches. E a falência do Estado em relação às creches faz com que a única válvula de escape, a única saída, sejam as organizações não-governamentais, um trabalho precioso, mas elas estão superlotadas, e essa superlotação faz com que sejam rejeitados, todos os anos, em cada creche - que tem o dobro da sua capacidade -, isto é, as creches com 100 lugares rejeitam 200 crianças da favela, onde elas estão instaladas. Isso traz uma forma industrial, logarítmica, gigantesca de fornecimento de lotes inteiros de futuros habitantes das nossas FEBEMs e dos nossos presídios. E nisso nós estamos transformando a sociedade nessa máquina infernal em que não temos mais solução para os nossos problemas de Segurança, para os nossos problemas de Educação, para os nossos problemas da área da Saúde. Esse seu trabalho, esse trabalho da Casa Amarela da Araucária - que é um nome belíssimo, maravilhoso, parabéns -, é, indiscutivelmente, uma das coisas mais ternas e mais desvanecedoras que há na sociedade. Isso faz com que nós, às vezes, talvez até por pouco tempo, acreditemos num mundo muito melhor. Meus parabéns. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Vereador. Claudio Sebenelo.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, a minha saudação ao presidente da Casa Amarela da Araucária, Instituto Recriar, Sr. Gilmar e à Vice-Presidente, Srª Maria Cristina, em meu nome e em nome da Verª Manuela, queremos parabenizá-los pelo trabalho sério que vem sendo realizado há quase cinco anos e que muitas vezes é encarado de uma forma inadequada como de quem “limpa” o Centro ou os locais onde estão as crianças de rua.

Na verdade, não precisamos de depósitos de crianças, mas de instituições como a de vocês, que faz um trabalho sério de acompanhamento, de inserção dessas crianças na sociedade.

É importante pensarmos que onde há uma criança abandonada certamente haverá uma família abandonada também. Não é da natureza, seja da humanidade, seja dos animais, o não-cuidado com a prole. Esse problema evidentemente tem raízes, e temos de enfrentá-las, senão estaremos trabalhando somente nos efeitos e esquecendo as causas.

É necessária a atuação de entidades sérias, como a de vocês, e os parabenizamos, mas penso que esse problema que vocês enfrentam deve nos servir para refletir sobre uma sociedade tão desigual, tão injusta, que leva, muitas vezes, a uma situação em que os pais não tenham o devido cuidado, e essas crianças se multipliquem, como ocorre hoje.

Então, vale o trabalho de vocês, mas que nós todos sejamos chamados à responsabilidade para as transformações necessárias na nossa sociedade, no nosso País, para que talvez um dia a entidade de vocês seja desnecessária.

Acho que vocês mesmos almejam esse dia em que não haja mais crianças em situação de rua, que não haja mais crianças abandonadas, que a sociedade seja mais justa, mais solidária, mais fraterna e que não tenhamos a necessidade do trabalho de vocês. Mas, por enquanto, parabéns. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Ver. Raul Carrion.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, meus caros Gilmar e Cristina, Instituto Recriar, Casa Amarela, nós, recentemente, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, tivemos a oportunidade de dialogar com vocês pelo trabalho que exercem e queria, em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, dos meus colegas, parabenizá-los por essa atividade altamente revolucionária. Eu conversava, há pouco, com a Verª Sofia, que ontem visitou a instituição, e a cada dia que ouço alguma coisa da experiência que vocês estão tendo lá, penso que nós deveríamos, o Poder Público, a Câmara Municipal, enfim, ter um olhar específico e especial para esse trabalho, porque não podemos repetir experiências desastrosas que já tivemos com outras instituições, inclusive instituições públicas, que, como já foi salientado aqui, não passam de depósitos de crianças.

Nós precisamos, realmente, revolucionar essa relação com o menino e a menina em situação de rua, com as crianças que sofrem abusos, com as crianças que são jogadas fora dos seus lares, que perambulam pelas ruas da nossa Cidade. Sem uma visão revolucionária, sem uma visão ousada, nós não resolveremos esse problema, porque estamos vendo que muitas pessoas, para desencargo de suas consciências, dão esmolas nas esquinas. Equívoco brutal! Em vez de ajudar instituições como a de vocês - com a qual tenho o prazer de colaborar minimamente a cada mês -, muitas pessoas estão, hoje, doando comida na rua para as crianças, dando esmolas, fazendo com que elas permaneçam naquela situação de indignidade!

Então é preciso olhar dessa maneira e encarar essa situação. Também não bastam os programas sociais dos governos - municipal, estadual ou federal -, quando não há um cuidado especial com essas famílias e com as próprias crianças. Não basta apenas uma ajuda; é preciso que haja um acompanhamento, porque estamos vendo que em Porto Alegre, no Morro Santa Tereza, as crianças descem o morro nos ônibus – todo dia recebo essas denúncias –, vêm para a Cidade Baixa vender flores nas ruas, à noite, e muitas dessas famílias até recebem alguma coisa da FASC, mas a gente vê que não está havendo o devido acompanhamento.

Portanto, muito bom trabalho para a instituição. É importante que tenham vindo aqui colocar isso para todos os Vereadores – assunto que já foi colocado para nós na Comissão de Educação –, e nós fazemos questão de reproduzir isso para todas as instituições que temos contato.

Inclusive vou requerer ao Sr. Presidente que as notas taquigráficas da fala do Sr. Gilmar e dos Srs. Vereadores sejam enviadas para a nossa Fundação de Assistência Social e Comunitária e para a nossa Secretaria da Saúde - também para a nossa Secretaria Municipal de Educação, para a Secretaria de Esporte -, porque muitas vezes nos defrontamos com problemas em que a Saúde tem de agir imediatamente com esses órgãos públicos. Então, repito, solicitarei que um dossiê desses pronunciamentos de V. Sas. e dos Srs. Vereadores seja enviado imediatamente a esses órgãos públicos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Ver. Adeli Sell. A Mesa defere esse seu Requerimento no sentido de que seja encaminhada, então, a manifestação do Sr. Presidente dessa Instituição para as Secretarias que o Vereador nomeou.

O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Minha saudação ao Ver. Aldacir Oliboni, que está presidindo os trabalhos, as Sras. Vereadoras, aos Srs. Vereadores, ao Presidente Gilmar, do Instituto Recriar, que traz para discussão, nesta Casa, os trabalhos desenvolvidos por meio da Casa Amarela, que representa uma interface direta com os menores em situação de rua e tem, sob seus cuidados algumas ações globais que deveriam estar sendo executadas pelo Poder Público e entidades da sociedade civil organizada em relação ao próprio menor, que seria o nosso cliente em potencial.

Eu quero trazer uma narrativa, em nome do PTB - Partido Trabalhista Brasileiro - que há muito vem ocupando a pauta de discussão no meu Partido no sentido de tratar esses problemas com ações verdadeiramente positivas, afirmativas, propondo um passo além e buscando mais do que nunca a interface direta entre os Poderes.

Quanto ao que o Ver. Adeli Sell comentava com relação às esmolas na rua, já existe em capitais brasileiras placas com material educativo orientando as pessoas a não contribuírem com esmolas, mas, sim, com ação social, que eu penso ser a verdadeira salvação para o atendimento do público, hoje, que reside na rua e que a usa como instrumento laboral, como instrumento de recreação, no caso esses meninos.

Eu estive acompanhando o 6.º Fórum Estadual da Criança e do Adolescente e fiz questão de registrar no meu discurso a participação integrada do Conselheiro Tutelar, do Pedagogo, do Psicólogo, do Professor, numa ação conjunta. E mais do que nunca, o Instituto Recriar se mostra, através da Câmara Municipal de Vereadores, com a boa intenção de políticas afirmativas. O Município de Porto Alegre, através da Fundação de Assistência Social e Cidadania, tem muito a receber com as contribuições de vocês.

Parabéns pelo trabalho, que vocês possam estar cada vez mais à frente da discussão, nos provocando, inclusive, com esse tema, através das inúmeras Comissões que os Vereadores registraram, mas, também, com a preocupação de que temos que tomar políticas afirmativas para o menor, para a infância e adolescente, com prerrogativas de uma sociedade moderna.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Ver. Maurício.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente; meu caro Presidente Gilmar e Vice-Presidente Maria Cristina; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu realmente sou um homem muito simples e penso que se discursos valessem, nós não teríamos problemas. Nós não teríamos nem que ter as orelhas puxadas pelo nosso Presidente Gilmar, porque deveríamos fazer a nossa obrigação. Eu acho que todas às vezes em que se realiza a Tribuna Popular aqui, muito pouca coisa acontece, e hoje não vai ser diferente. Apenas eu vou desejar à Instituição, que eu acho notável, que tenha mais oradores para transformar essa oração que fazem nos plenários, em que os senhores dão toda a sua contribuição, toda a sua boa vontade, mas que fica apenas no aplauso, e quando vocês partem, nós esquecemos o que foi dito. Porque se nós lembrássemos das crianças das ruas da Cidade, elas não seriam em tão grande número. Mas nós fazemos discursos, parece que essa é a nossa missão. Por isso eu digo: se os senhores tiverem muito mais oradores com a mesma disposição que têm, transformarão os discursos em realidade e nós teremos menos crianças nas ruas. Por isso, eu posso dizer: Saúde e PAZ! (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Ver. João Antonio Dib.

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, nós estávamos, aqui, discutindo quem de nós iria falar e o Ver. Ibsen Pinheiro e o Ver. Haroldo de Souza me escalaram. Eu vou falar desse assunto em nome da nossa Bancada, assunto que eu não gostaria de falar, porque vou seguir na mesma linha do nosso querido Ver. João Antonio Dib. Eu acho que todo homem público que fizer proposta durante a sua campanha para resolver os problemas de rua e que não venha a resolver, deveria perder o mandato. Porque é uma vergonha, eu me sinto mal em todas as esquinas de Porto Alegre. Esse é um problema crônico de muitos anos que me incomoda muito. Então, resta apenas dizer: que bom que temos pessoas na sociedade preocupadas com isso. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Obrigado, Ver. Bernardino Vendruscolo.

A Mesa, em nome da Casa, quer agradecer a presença da Instituição Recriar, representada pelo Gilmar e pela Maria Cristina, e dizer que é de extrema importância nós termos a Tribuna Popular para livre manifestação de pensamento, enfim, trazer os problemas da Cidade. É isso que nos engrandece e nos dá o motivo pelo qual nós estamos aqui. Em nome da Casa, agradecemos a presença de vocês e a Casa está sempre à disposição. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h10min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni  - 15h11min): Estão reabertos os trabalhos.

 

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Câmara Municipal tem a satisfação de receber os representantes do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região do Estado do Rio Grande do Sul - Crefito, em homenagem ao Dia do Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Convidamos a Srª Maria Tereza Dresch da Silveira, Presidente do Crefito, para fazer parte da Mesa.

O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Ver. Luiz Braz, Presidente; Srª Maria Tereza, Presidente do Crefito; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; público que nos acompanha aqui e pelo Canal 16. Saúdo os aposentados que serão homenageados logo após, funcionários públicos, senhores e senhoras, o Crefito - Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional está completando hoje 36 anos. Nada como prestarmos uma singela e simples homenagem, mas que é de extrema importância para a profissão, que há muitos e muitos anos vem atuando na área da Saúde. Nesses 36 anos, aconteceram inúmeras lutas e conquistas, como a constituição deste Conselho e a regulamentação da profissão. São mais de 90 mil fisioterapeutas e mais de 8 mil terapeutas ocupacionais em todo o País. Há, no Estado do Rio Grande do Sul, mais de 4 mil fisioterapeutas e 418 terapeutas ocupacionais; em Porto Alegre, há 1.454 fisioterapeutas e 326 terapeutas ocupacionais.

Nós sabemos que após um acidente, o paciente é levado a um hospital, e após a cirurgia, o Ortopedista, principalmente quando isso acontece, encaminha para 15, 20, 30 sessões de fisioterapia. É nesse momento que vêm as mãos, a inteligência, a habilidade e a capacidade do fisioterapeuta, num momento tão importante para que essa pessoa possa voltar a andar, possa viver seus dias normais na nossa sociedade. A área da Saúde está, de certa forma, entrelaçada com o segmento dos terapeutas e fisioterapeutas. Então, é de extrema importância que possamos, no dia de hoje, não só comemorar com um simples diploma, com um simples abraço, mas que esses profissionais possam ser vistos não só como profissionais que querem melhores condições de trabalho, melhores salários, mas como profissionais que lutam para que, com o passar dos anos, possa se abrir o mercado de trabalho, porque, se percebermos, são os hospitais apenas que oferecem vagas hoje e temos poucas possibilidades em postos de saúde, PSF e assim por diante. Nós esperamos que o mercado não só possa criar possibilidades, mas que o fisioterapeuta possa ter, sim, uma extraordinária possibilidade concreta de ser feliz nesta data.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro Vereador, quero dizer que talvez neste plenário ninguém conheça mais a fisioterapia do que eu, porque durante três anos a fiz diariamente e sei do valor e da importância do trabalho do fisioterapeuta. E a homenagem que a eles prestarmos no seu dia será muito pouca, porque eu disse que não adiantam palavras, palavras e mais palavras, nós precisamos de ações, ações e mais ações. Mas de qualquer forma, eu o cumprimento pela iniciativa e cumprimento todos os fisioterapeutas pelo trabalho que fazem. Saúde e PAZ!

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Obrigado, Ver. João Antonio Dib, que contribui também com a sua manifestação. Quero dizer, nobre Presidente Maria Tereza, que nós, Câmara de Vereadores, queremos colocar à disposição a estrutura da Casa para que as suas atividades, as suas lutas, tanto em nível estadual ou em nível federal, possam ser, de uma certa forma, conquistadas.

Que este dia especial, do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional, possa ser, sim, um exemplo de dedicação e de luta, para que com o tempo nós também possamos dizer que é preciso, sim, não só criar mercados, mas poder fazer com que esses cidadãos sejam reconhecidos pela sua luta e pelo momento tão importante e oportuno, hoje, nos seus 36 anos de atividades. Parabéns! Uma boa luta e boa sorte a todos.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Convidamos o Ver. Aldacir Oliboni para proceder a entrega do Diploma alusivo à data comemorativa a Srª Maria Tereza Dresch da Silveira, Presidenta do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5.ª Região - Crefito.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.)

 

A Srª Maria Tereza Dresch da Silveira está com a palavra.

 

A SRA. MARIA TEREZA DRESCH DA SILVEIRA: Exmo Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Exmo. Sr. Ver. Aldacir Oliboni, proponente desta belíssima homenagem; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, demais autoridades presentes, senhores representantes da imprensa, meus colegas fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que aqui se encontram, senhores e senhoras, o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5.ª Região, representando aqui todos os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais do Rio Grande do Sul, sente-se honrado pela homenagem prestada por esta Casa aos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais pela passagem do nosso dia.

Em 13 de outubro de 1969, há exatos 36 anos, eram criadas as profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, através do Decreto-Lei n.º 938.

A regulamentação das duas profissões demarcou oficialmente a presença desses profissionais nas ações de saúde e de educação.

No ano de 1975, foi criado, através da Lei n.º 6.316, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e os Conselhos Regionais com a função precípua do controle do exercício profissional, tendo sempre presente a sua função social, a de proteger a sociedade de profissionais inabilitados eticamente ao exercício da função e de proibir que leigos exerçam ilegalmente nossas atividades privativas.

Várias foram as tentativas, ao longo dos últimos anos, de cerceamento de nossa atividade profissional. Recordo-me dos vários projetos de leis que tentaram regulamentar profissões em descompasso com a nossa legislação, e também, da representação feita através do Procurador-Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal, por solicitação da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, em tornar inconstitucional alguns artigos de nossas leis. Por sorte, tentaram e não lograram êxito.

Passados alguns anos, nos deparamos, hoje, com um Projeto de Lei que pretende regulamentar o tão falado “ato médico”, que, por si só, acreditamos ser importante para a categoria médica, desde que não venha ferir a autonomia profissional das outras profissões da área da Saúde, que desenvolvem suas atividades laborais dentro da competência instituída pela lei que rege suas categorias.

O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, ao longo dos anos, estão conquistando novos espaços de atuação, firmando-se no mercado de trabalho por sua competência, dedicação e qualificação técnico-científica, reconhecidas pela equipe de saúde e pelos usuários dos serviços de saúde.

A escolha desse usuário pelo profissional que deverá assisti-lo, devidamente competente, tanto no aspecto legal, quanto no da especialidade técnica, é decorrente do exercício de sua vontade. O direito à escolha, à manifestação de vontade, baseia-se no princípio Constitucional do respeito à pessoa humana, à individualidade, tornando, dessa forma, inadmissível a imposição de uma tutela profissional por uma das profissões da Saúde sobre as demais, limitando o livre exercício de nossas funções profissionais.

Por fim, em nome do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 5ª Região, parabenizo os fisioterapeutas e os terapeutas ocupacionais pela passagem deste nosso dia, que, com sua dedicação e autonomia profissional, promovem e restabelecem qualidade de vida às pessoas.

Saibam, Srs. Vereadores, que o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional estará sempre presente e disposto a colaborar com todas as ações propostas, não só por esta Casa Municipal, como pelo Estado, pela Casa Estadual e pelo Governo Federal. A todos, pela atenção, nosso muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Queremos cumprimentar a Srª Maria Tereza pela passagem deste dia, como queremos cumprimentar, também, todos os fisioterapeutas e todos aqueles que estão vinculados a estas profissões de fisioterapia e terapia ocupacional, e desejar que possamos, realmente, como sociedade, crescer, e que o reconhecimento dessas funções seja cada vez maior, a fim de que esses profissionais possam, cada vez mais, ter o reconhecimento necessário para levar à frente os seus trabalhos.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h26min.)

 

(O Ver. Aldacir Oliboni reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni - 15h28min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje, este período é destinado a homenagear a Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul – AAPERGS -, pelo transcurso dos seus 30 anos de atuação, nos termos do Requerimento de autoria do Ver. Raul Carrion.

Convidamos para compor a Mesa: o Sr. Evanir Júlio de Freitas, Presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul; o Sr. Cláudio Canalis Goulart, Presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul; o Sr. Arli Vaz Nunes, Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul.

O Ver. Raul Carrion, proponente desta homenagem, está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Bernardino Vendruscolo.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente; prezado amigo Evanir Júlio de Freitas, Presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul - AAPERGS -, companheiro de tantas batalhas sindicais pelo nosso País; Sr. Cláudio Canalis Goulart, Presidente do Conselho Deliberativo da AAPERGS; Sr. Arli Vaz Nunes, Presidente do Conselho Fiscal da AAPERGS; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, demais autoridades presentes, senhores da imprensa, senhoras e senhores, lideranças dos aposentados, inclusive metalúrgicos, da Federação, lideranças da categoria eletricitária, municipários e municipárias aqui presentes - hoje também serão debatidos importantes temas referentes a vocês -, neste sábado a Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul, fundada em 15 de outubro de 1975, estará completando 30 anos de existência. Criada para acolher os eletricitários aposentados, está hoje estruturada em 36 núcleos espalhados em todo o Estado, com mais de seis mil associados.

A história dos eletricitários gaúchos começa a ser escrita nos anos 30, quando a categoria integrava o Sindicato dos Trabalhadores Tramways e Classes Anexas de Porto Alegre, englobando também os trabalhadores em telefonia e da nossa Carris.

Em 1959 os eletricitários tiveram importante papel na encampação da Companhia de Energia Elétrica, atual CEEE, e na sua continuidade e expansão.

Em 1964 o Regime Militar reprimiu duramente os trabalhadores. A categoria eletricitária teve seu sindicato fechado, seus líderes presos e perseguidos. Desde então se passaram muitas décadas de luta. Hoje a categoria eletricitária é reconhecida nacional e internacionalmente, englobando trabalhadores de onze empresas: CEEE, CGTEE, Aes Sul, RGE, Gerasul, Eletrosul, Eletrocar, Cien, Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Médio Uruguai, Usina Hidroelétrica de Panambi e Usina Hidroelétrica de Nova Palma.

O alto índice de adesão sindical à AAPERGS comprova elevada consciência dos eletricitários e também a confiança que depositam em suas entidades.

A AAPERGS proporciona Projetos como o Serviço de Responsabilidade Social e o Reconhecendo Porto Alegre; o encontro anual dos associados com participação média de mil pessoas; cursos gratuitos de dança, fotografia e informática; consultoria jurídica gratuita; boletim mensal Corrente Contínua e a mais recente atração, o Coral da AAPERGS, dirigido pelo Maestro Marcelo Nadruz.

Mas é impossível falar da AAPERGS sem falar dos graves problemas vividos pelo setor energético em nosso País, pois energia diz respeito à própria essência da vida. Não é possível um país ser soberano se não tiver capacidade para suprir sua demanda de energia. O Brasil montou, durante a década de 50, um moderno sistema elétrico, baseado em energia limpa, renovável e barata, capaz de estocar combustível, no caso a água, por cinco anos, apto a transferir grandes blocos de energia do Sul para o Norte e do Nordeste para o Sudeste, gerenciando de forma integrada bacias hidrográficas fisicamente distantes. Era um sistema que tinha folga para tomar decisões. As empresas estatais do setor eram rentáveis, mesmo vendendo barato a energia que produziam. Tudo isso foi criado com muito esforço e talento de várias gerações. Porém sucessivos Governos passaram a usar a capacidade de endividamento de nossas robustas empresas elétricas para conseguirem os dólares necessários ao pagamento dos juros exigidos pelos credores externos. Ao mesmo tempo reprimiram um reajuste das tarifas para conter a inflação. Isso se agravou ainda mais durante os anos 90, principalmente durante o Governo neoliberal de Fernando Henrique. Em 1995 as dívidas cruzadas atingiram 50 bilhões de dólares, era o sinal para a privatização do setor. A “privataria” em troca de moedas podres foi um acinte à Nação. A Light, por exemplo, ao ser vendida” - Ver. Bernardino, a quem agradeço a cedência do tempo no dia de hoje - “tornou-se uma subsidiária da EDF francesa, compra energia de Furnas, que ainda é uma estatal, a 23 dólares o kw/h e entrega aos consumidores brasileiros a 120 dólares, quase seis vezes mais. Enquanto isso os franceses pagam, pela mesma EDF, 75 dólares por kw/h, produzido em usinas atômicas, muito mais caras.

Por uma norma contratual, durante oito anos, as empresas privatizadas não precisam repassar nenhum ganho de produtividade ao consumidor, nem precisam fazer investimentos de expansão do sistema - um convite à remessa de lucros.

Eu queria só concluir a minha fala e logo lhe darei o aparte, Ver. Bernardino.

O capital estrangeiro não se fez de rogado... Segundo o jornal Gazeta Mercantil, a Light privatizada distribuiu 98% do seu lucro em dividendos aos acionistas. A norte-americana AES retirou 300 milhões de dólares da CEMIG, em dois anos, sem realizar qualquer nova obra.

Em vez de atrair capitais privados para empreendimentos novos, garantindo assim o aumento da capacidade geradora, venderam as usinas hidrelétricas já existentes, muitas delas já amortizadas, capazes de gerar energia a apenas 5 dólares o kw/h. Os investidores queriam o que já estava pronto, de modo a recuperar, sem esforço e rapidamente, o capital investido.

O sistema elétrico brasileiro foi fatiado e “canibalizado”. O BNDES passou a financiar as privatizações, ao mesmo tempo em que era proibido de financiar as empresas estatais.

Na busca de crescentes superávits primários, deixaram de investir na expansão do sistema. Estava dado o cenário para o maior apagão energético da história brasileira. A Eletrobrás, já em 1998, alertava que o ano de 2000 seria de alto risco para a energia elétrica. O resultado foi o “apagão”, com enormes prejuízos para toda a sociedade que, mais uma vez, Ver. Bernardino, arcou com as conseqüências da imprevidência e da negligencia de um Governo a serviço do grande capital internacional.

Os trabalhadores é que pagaram à conta, sofrendo o racionamento de energia elétrica e a queda de dois pontos percentuais na economia do País - uma perda de 10 bilhões de reais. Depois, vieram as sobretaxas e ameaça de corte do fornecimento para os consumidores que não atingissem as metas de redução de consumo. Em seguida, o adicional de 5% das contas para repor as perdas no faturamento das grandes empresas privadas, devido à contenção do consumo. E, por fim, o seguro contra o apagão de 2,26% do valor da conta, imposto a todos. Coube ao Governo Lula criar um novo modelo energético em implantação, estabelecendo reserva, estratégia, um mercado de venda livre, um mercado regular e tantas outras questões.

Ao lembrarmos dos 30 anos da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul queremos homenagear todos aqueles que, com a sua luta, com o seu sacrifício construíram o grande sistema energético brasileiro, que resiste a tudo e a todos e que fará a grandeza da nossa Pátria.

Parabéns à AAPERGS. Que a nossa luta conjunta sirva para construir um Brasil livre, soberano e mais justo que todos almejamos.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Vereador. Queremos cumprimentar todos aqui, em nome da Bancada do PMDB, e cumprimentar Vossa Excelência, fazendo apenas um pequeno reparo: nós trocamos o espaço; eu não cedi a V. Exª, porque senão passa também a ficar um pouco complicado com os meus colegas do PSDB. Obrigado.

 

O SR. RAUL CARRION: Isso. Concedeu-nos mediante uma troca.

Então, nós agradecemos, mais uma vez, e saudamos toda a categoria eletricitária, os demais aposentados que hoje vêm festejar e parabenizar a AAPERGS, desejando longa vida para a AAPERGS, para a categoria eletricitária e grandes vitórias para o povo brasileiro que tanto deve a esses trabalhadores. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Convido o Ver. Raul Carrion a proceder à entrega do Certificado alusivo aos 30 anos ao nosso homenageado.

 

(Procede-se à entrega do Certificado.) (Palmas.)

 

O SR. RAUL CARRION: E, agora, queremos também dar uma recordação de metal, como se diz, com a Placa.

 

(Procede-se à entrega da Placa.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Nós queremos fazer a leitura desta bela Placa aqui entregue pelo nosso Ver. Raul Carrion, do PCdoB, na qual diz o seguinte: “Trinta anos da AAPERGS, homenagem do Ver. Raul Carrion - PCdoB - pela passagem dos 30 anos de aniversário da Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul, concedida no Grande Expediente da Câmara Municipal de Porto Alegre, na 87ª Sessão Ordinária. Porto Alegre, 13 de outubro de 2005.” Parabéns.

No Certificado que foi entregue consta o seguinte: “A Câmara Municipal de Porto Alegre confere à Associação dos Aposentados e Pensionistas Eletricitários do Rio Grande do Sul - AAPERGS - o presente Diploma pelo transcurso dos seus 30 anos de atuação e valiosa contribuição à sociedade porto-alegrense. Porto Alegre, 13 de outubro de 2005.” Assinam: Ver. Raul Carrion e o Presidente, Ver. Elói Guimarães.

O Sr. Evanir Júlio de Freitas, Presidente da AAPERGS, está com a palavra.

 

O SR. EVANIR JÚLIO DE FREITAS: Exmo Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita honra que, estando eu como Presidente da nossa Associação de Aposentados, participo de um momento tão importante para a nossa categoria: o transcurso do 30º aniversário desta entidade. Ela foi criada por aposentados em 15 de outubro de 1975, para nos reunirmos depois de cumprida a nossa missão de trabalhadores - em média 30 anos de labuta -, para que pudéssemos dar prosseguimento àquelas relações que foram estreitadas durante o nosso tempo de labuta.

Eu digo importante momento porque, por uma feliz decisão do nosso amigo Raul Carrion, esta Casa resolveu prestar uma homenagem a uma categoria da importância dos eletricitários gaúchos, dos eletricitários aqui do Rio Grande do Sul. E a AAPERGS, aproveitando o seu aniversário, em vez de receber presentes quis aproveitar este momento para prestar e resgatar junto com esta Casa a trajetória de uma categoria de trabalhadores que, como eu disse, é da maior importância e que ajudou muito a forjar a história que muito nos orgulha desse Rio Grande do Sul.

Então, nada melhor que o aniversário da Associação daqueles que já prestaram a sua parte na construção dessa história para homenagear todos os eletricitários gaúchos, aqueles que nos sucedem, hoje, e que levam avante a bandeira, um dia levantada pelo saudoso Engenheiro Noé de Melo Freitas, que criou o serviço elétrico aqui em nosso Estado.

Falar da nossa Associação não é necessário, porque o nosso amigo Raul Carrion já disse mais ou menos algumas características. Nós temos 36 núcleos em todo o Estado, prestamos alguns serviços aos nossos associados, temos grandes projetos para os anos próximos, e queremos consolidar a atuação dessa entidade para homenagear e fazer jus ao sonho daqueles que há trinta anos fundaram a nossa Associação.

Eu queria também fazer uma saudação e aproveitar este momento para lembrar a todos os senhores que a força do trabalho eletricitário não só se desenvolveu estendendo linhas por este Estado, montando subestações e usinas; a inteligência e o compromisso dos eletricitários gaúchos com a sua comunidade também têm história nesta Casa e na Assembléia Legislativa quando alguns representantes da nossa categoria, eleitos pelo voto popular, também prestaram a sua colaboração nos nossos Plenários, nas nossas Assembléias.

Eu queria lembrar, citando alguns desses nomes eleitos, aqui nessa Casa, o Ver. Guilherme Barbosa; não me ocorre outro nome no momento; na Assembléia Legislativa, o nosso companheiro Antônio de Pádua Barbedo, que vêm ilustrar e homenagear os demais que passaram por esses plenários, representando a categoria eletricitária, forjando, como disse anteriormente, a história do nosso Rio Grande do Sul.

Resta-me somente agradecer a oportunidade que esta Casa nos permite de homenagear os eletricitários, e agradecer também aos meus companheiros de diretoria, conselheiros da AAPERGS, no auxílio importante que nos concedem para que possamos levar avante o sonho daqueles que foram os nossos fundadores, e que temos a maior honra e prazer em cumprir.

Finalizando, queria que constasse nos Anais que a nossa Associação foi fundada por 31 aposentados, sendo que desses 31 somente uma era mulher - 30 homens e uma mulher. Desses 31 fundadores, dois ainda estão vivos, mas por problemas de saúde não puderam estar presentes, o que seria uma grande satisfação para nós. Quero registrar o nome dessas duas pessoas: Sr. Ary Antonio Alves e a Srª Pergentina Guimarães Moretto. Fica a homenagem da nossa AAPERGS. Muito obrigado. Até a próxima. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Agradecemos a manifestação do nobre Presidente da Associação, Evanir Júlio de Freitas, e agradecemos a presença de todos os aposentados, pensionistas, eletricitários, prestigiando este ato, como também todos aqueles que contribuíram para esta caminhada, esta luta de 30 anos de história.

A Câmara de Vereadores se sente muito feliz e grata em recebê-los aqui, e torce para que a entidade cresça cada vez mais. São mais de seis mil associados hoje, e há muito mais para buscar. Quem sabe, no ano que vem, na próxima homenagem, teremos oito, dez mil associados.

Em nome da Casa, nós agradecemos, parabenizamos e queremos dizer que a Casa está aberta para toda e qualquer manifestação, até porque, é a Casa do Povo. Suspendo os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h54min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 15h56min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; prezados colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste, lideranças dos eletricitários, funcionários públicos municipais, entre outros que nos acompanham nas galerias, eu queria dizer que neste momento, em nível nacional, estão cada vez mais acirradas as opiniões e as posições sobre o Referendo, a ser votado no dia 23 de outubro, quanto à questão da utilização de armas no País, a opção da sociedade entre o Sim e o Não para comercialização de armas de fogo e de munição.

Ontem participei, na Restinga, de um ato organizado pelo Fórum das Escolas da Restinga e do Extremo Sul - Restinga pela Paz. E ontem à noite, lá no evento, convenci-me de vir a esta tribuna falar sobre o tema.

Lá estava a juventude fazendo uma discussão e ouvindo músicas, com vários grupos musicais; discutindo e construindo o que chamamos a cultura da paz, quando, no meio do evento, em alguns minutos surgiu uma correria e foram ouvidos vários tiros. Não preciso dizer que foi uma correria total! Certamente estes, uma ou duas pessoas - não vou chamá-los de cidadãos, porque estão na contramão da história e da afirmação da cidadania -, ocasionaram um tumulto geral. Certamente são pessoas que não têm o porte de arma, possuem a arma de forma ilegal. Certamente estas armas não foram compradas no mercado formal, mas foram usurpadas de quem as comprou. Digo isto porque temos que aprofundar este debate, temos que fazê-lo, respeitando as opiniões. E este Referendo que será realizado no dia 23 de outubro, o primeiro referendo da história do Brasil, traz a pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil? Sim ou não?” Outros países já implementaram leis e políticas públicas sobre o controle de armas de fogo, mas é a primeira vez no mundo que é feito um referendo sobre o desarmamento. Muitos têm dito que é uma decisão do Presidente da República. Isto é um equívoco. Isso está aprovado no Estatuto do Desarmamento, Lei aprovada pelo Congresso Federal, debatida com todos os Partidos políticos, e aprovada em 22 de dezembro de 2003. Portanto, é somente a implementação de um dos seus artigos, que trata da realização do referendo para que a sociedade opine sobre a comercialização ou não das armas de fogo.

Venho aqui, como todos nós que dialogamos com a opinião pública, expressar certamente a minha opinião e contribuir neste debate com argumentos. Por que sou favorável ao “sim”, ou seja, contra a venda de armas e munições em todo o País? Por algumas questões muito simples: primeiro, por algumas premissas que defendo. A violência social é um tema bastante complexo, delineado pela interação de múltiplos fatores de diversas naturezas, que são sociais, econômicos, políticos, culturais e pessoais. Por isso suas causas e soluções não são apenas uma questão de opinião de cada um. É preciso discutir esse assunto à luz de informações corretas, sustentadas, inclusive, por evidências técnicas e científicas além das sociais, provenientes de estudos e pesquisas consistentes e confiáveis. As armas de fogo não são a causa da violência e da criminalidade, mas elas propagam a violência e agravam a sua natureza, que é de alta letalidade. Políticas de controle de armas não são em si mesmas respostas suficientes ao problema da violência social contemporânea, mas é um primeiro importante passo para que possamos construir essa cultura da paz, ou avançar na construção do que chamamos cultura da paz.

Se nós pegarmos o caso da violência no Brasil, nos últimos 10 anos mais de 325 mil pessoas foram assassinadas no País. A maioria delas foi vítima de armas de mão, revólver e pistola. E justifico, aqui. Só em 1998, a taxa de homicídios no País foi de 30 para cada 100 mil pessoas. Desses 30, 18,6% foram por armas de fogo, e entre 1979 e 2003, o ano em que entrou em vigor o Estatuto do Desarmamento, as vítimas fatais por armas de fogo aumentaram 461,8%, enquanto a população brasileira cresceu 51, 8%. Estes são dados reais que nós temos que debater à luz da compreensão. E esta violência no Brasil, só no ano de 2003 - ano em que entrou em vigor o Estatuto da Cidade - 39.284 brasileiros morreram por armas de fogo. São 108 mortes por dia, ou nove pessoas a cada duas horas. Sessenta e quatro por cento dos homicídios são cometidos com armas de fogo, enquanto 20% são com as chamadas armas brancas, por facas e outras. São dados concretos. Se nós olharmos sob o ponto de vista das questões sociais, a cada 100 mil habitantes, dos mortos 30,1% são negros, 28,5% são pardos, e 16,6% são brancos. As internações de vítimas de armas de fogo custam ao Sistema Único de Saúde 16,45% a mais que as internações, por exemplo, por acidentes de trânsito.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro colega Ver. Carlos Comassetto, V. Exª é um grande defensor da nossa democracia, como este Vereador também é. Se nós estamos num País democrático, como é que uma lei vai proibir uma pessoa que queira comprar uma arma legalmente? Como é que nós vamos proibir isso? Que democracia é essa? É meia democracia? E digo mais a V. Exa: há pouco nós tivemos aqui na Tribuna Popular o Sr. Gilmar e a Dona Maria Cristina, que são Presidente e Vice-Presidente na Casa Amarela, que faz um trabalho com as nossas crianças. Eu pergunto a V. Exa: e esses quase 600 milhões de reais que vão ser gastos agora para esse referendo? Por que não colocaram essa consulta popular junto com a eleição que vamos ter em menos de um ano? Isso é que eu gostaria de ouvir de Vossa Excelência. Sou grato pelo aparte.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Muito obrigado, Ver. Ervino. Primeiro: há um equívoco de sua parte quando diz que é uma lei que vai determinar a proibição ou não; é um referendo, é uma opção da sociedade que está baseada no Estatuto do Desarmamento. Portanto, a opção, nesse momento, será da sociedade, e não de uma lei específica construída por qualquer um dos Parlamentos brasileiros. Segunda questão: eu até concordo com V. Exª sobre a questão da oportunidade de fazer o debate junto com outros temas. Agora, o que está em discussão não é a questão do desarmamento, exclusivamente, é a consolidação e a construção de uma cultura da paz ou de uma cultura que levam à guerra - é isso que está em discussão, sob o meu ponto de vista.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Comassetto, V. Exª sabe que o Referendo referendará a Lei, ou não.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Ou não. Corretamente.

 

O Sr. João Antonio Dib: Então, é a lei. Agora, a paz não se faz sem armas, não se iluda: “Se queres a paz, prepara a guerra”.Saúde e PAZ!

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: V. Exª sabe que um dos maiores pensadores da humanidade, e neste ano referenciaremos cem anos do seu nascimento, Albert Einstein, que foi um grande pacifista, disse que um dos maiores erros que cometeu na vida foi não compreender a conjuntura, quando criou e ajudou a parcelar o átomo, que remeteu à bomba atômica. E esse arrependimento ele levou por toda a vida; porque ele trabalhava pela ciência e pela cultura da paz, e não da guerra. Ele não autorizou as bombas de Hiroshima e de Nagasaki.

Entre os jovens que morreram de 1979 a 2003, no Brasil, esse percentual aumentou em 640,3%.

Quero dizer que se nós investirmos todo o conhecimento tecnológico no diálogo, na questão de desenvolvimento econômico comercial, construindo culturas que não sejam de brinquedos que representem armas de fogo, se investirmos na Educação e na Saúde, certamente, nós não precisaremos de armas para sermos felizes. Plante flores e destrua as armas! Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, apesar do prazer de ter ouvido o Ver. Comasseto, suponho que nós tivéssemos um acordo de que não se referiria, nesta Casa, publicamente, à questão do desarmamento. Todos nós inclusive nos privamos de falar desse assunto, que é polêmico, que é atual, e parece que... Não sei até que ponto esse acordo ainda vigora, Sr. Presidente. Obrigado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, apenas para informar, Ver. Sebenelo, e com certeza com a sua concordância, discutimos isso na Mesa, e estamos aguardando uma posição oficial sobre o tema. Mas, quero aqui registrar que vários Vereadores já se manifestaram da tribuna contra o desarmamento. Então, acho que era apropriada a fala, hoje, a favor do desarmamento.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, tenho a tranqüilidade de estar ocupando a tribuna como legislador eleito e penso que jamais qualquer tema pode ser cerceado para um legislador na sua ação de falar, seja no Município, no Estado ou na Nação. Seu desdobramento é outra conseqüência. Queria só afirmar isto. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito ao Ver. Aldacir Oliboni que assuma a presidência dos trabalhos para que este Vereador possa se pronunciar em Tempo de Presidente.

 

(O Ver. Aldacir Oliboni reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Tempo de Presidente.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Aldacir Oliboni; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, com relação à questão da Lei Eleitoral, em face do Referendo Popular que deverá ocorrer no próximo dia 23, estivemos reunidos com a Mesa e decidimos ter uma conversa, auscultando o pensamento do aplicador da lei na espécie, com o Tribunal Regional Eleitoral. Nesse sentido, estivemos com o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Dr. Roque Miguel Fank. Tivemos a oportunidade de ouvi-lo no sentido de adotarmos medidas na Casa, não contra a manifestação dos Vereadores, mas estabelecendo regras que assegurem o direito de falar, porém com equilíbrio. Nesse sentido, o Presidente do TRE assegurou-nos que as manifestações, tanto nos debates quanto no processo legislativo, durante as Sessões, deverão se pautar pelo equilíbrio. Significa dizer que nós, sem cercearmos absolutamente o direito da manifestação dos Vereadores e Vereadoras, teremos que estabelecer esse equilíbrio. Isso, evidentemente, decorrerá de entendimentos que devemos fazer no sentido de manter o equilíbrio, aliás, entendimentos que temos feito sobre tantas questões da Casa, e não faltará a boa vontade e o espírito público para que também sobre esta questão nós tenhamos aqui um entendimento para estabelecer o equilíbrio.

Assim sendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, fica aqui essa informação trazida da autoridade maior, que é o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, que nos dá essa orientação no sentido de adotarmos esse procedimento na tribuna. Igual procedimento, disse o Dr. Roque Miguel, se faz aos meios de comunicação.

 

O Sr. Ibsen Pinheiro: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Elói Guimarães, meu aparte tem o sentido de, uma vez mais, reafirmar minha admiração por V. Exª e reconhecer o espírito de justiça que preside essa preocupação de V. Exª. Nós também queremos que todos tenham oportunidades iguais neste debate que divide a opinião pública nacional. No entanto, quero ponderar a V. Exª que, ou isso se faz por entendimento, ou não há meio de fazê-lo. Porque nada pode limitar a atividade de um orador na tribuna. Os limites serão aqueles do Regimento Interno, do Código de Ética, da Lei e da Constituição. E não há nenhum instrumento que possa permitir ao Presidente dos trabalhos considerar o conteúdo de uma manifestação para cerceá-la. Eu acho que esta manifestação deve ser tomada como um apelo de V. Exª, como também um apelo da Justiça Eleitoral; porque a Justiça Eleitoral não exerce nenhuma espécie de autoridade sobre a soberania desta Casa. Ela haverá de julgar nossos atos quando for da sua competência - raramente o será, ela é uma Justiça especializada -, mas como ela regula e controla administrativamente a divulgação dos espaços eleitorais relativos ao Referendo, não me custa admitir, mesmo sem um exame mais profundo, que ela possa estabelecer limites à divulgação do trabalho parlamentar, mas não ao trabalho parlamentar.

E vou mesmo ao extremo, Sr. Presidente, de lembrar o Regime Militar - quando V, Exª e eu já éramos representantes populares. Nem mesmo o Regime Militar chegou ao extremo de cercear, policiar, patrulhar ou condicionar a manifestação dos Parlamentares nos três níveis da representação. Respondíamos com o próprio mandato pelo risco da cassação. Alguns de nós até nos engasgávamos medindo as palavras; mas nunca houve nenhuma norma que nos cerceasse.

Então, eu cumprimento o espírito democrático de V. Exª, mas sei que ele haverá também de respeitar aquele Vereador que se manifeste nos seus espaços, conforme seja do seu próprio entendimento. Agradeço a V. Exª.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço pelo aparte de V. Exª.

Então, o que nos coloca o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral? Que deve acontecer o equilíbrio.

Inicialmente, proporíamos aqui – e já o fiz – que fizéssemos um acordo de igualdade, de isonomia. O Vereador pretende se manifestar a favor, evidentemente, o outro contrariamente, dentro das normas e Regimentos da Casa.

Porque, na verdade, pode, sim, Ver. Ibsen, a Justiça Eleitoral tem competência institucional para aplicar disposições com respeito às questões ligadas às eleições. Tanto é verdade que ela monitora as manifestações nas campanhas eleitorais. Tivemos, no ano passado, limitações, Verª Margarete Moraes, V. Exª - de forma magistral, por assim dizer, como magistrada - fez cumprir nesta Casa, evitando que aqui na tribuna chegassem Vereadores ou Vereadoras pedindo votos para o Partido A ou Partido B naquele período, evidentemente, proibido pela Justiça Eleitoral. Bem como, conduzissem-se aqui, das candidaturas majoritárias, as legendas, porque, vejam, tentativas houve - a gente também colaborou nessa área - de consultas a Vereadores que pretendiam, por exemplo, Verª Margarete Moraes, chegar com uma legenda aqui e com os nomes dos candidatos a Prefeito. Então, o que nos orientou a Justiça Eleitoral? Tivemos a oportunidade - a Verª Margarete Moraes e este Vereador - de estar lá no Tribunal Regional Eleitoral, onde fomos muito bem recebidos, porque a Câmara Municipal tem gozado de um bom prestígio perante os órgãos públicos e as instituições, pelo seu caráter democrático, por como trata as questões e pela seriedade como conduz as questões que lhe dizem respeito.

Portanto, nós, durante o pleito passado, tomamos todas as precauções e não fomos tirados do ar. Por igual, agora, nós recebemos essas recomendações. Eu falei com o Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral e o apelo - não uma determinação - é no sentido de que observemos, para evitar - não sobre a tribuna - que a nossa TV, exemplificativamente, tenha censurada a transmissão por não estabelecer esse equilíbrio que nos pondera, que nos diz, que nos coloca o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, primeiro, creio que a Mesa, a Presidência, os Líderes se conduziram corretamente, colocando as suas preocupações - de uma forma um pouco desordenada – sobre a questão que vinha sendo tratada na tribuna; a informação que nos traz orienta bem melhor. E eu penso que na questão de um debate, na TVCâmara, não é problema, porque basta colocar pessoas, em número igual, oponentes de idéias.

Agora, aqui, no uso individual dos Vereadores, talvez pudesse ser feita uma combinação e levada ao Presidente: sempre que alguém for falar de um lado, já acerta com o outro do outro lado - não há dificuldade para isso -, se forem dois e dois, serão dois e dois; se forem três e três, serão três e três; se for um e um, será um e um. Só que tem de haver um pré-acerto, assim como nós acertamos agenda; pode ser até nas reuniões de segunda-feira, entre Lideranças e Mesa, acho que há soluções tranqüilas de preservar o equilíbrio. Obrigado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu sou grato a V. Exª. Portanto, inclusive, V. Exª dá uma sugestão que já tinha me passado pela cabeça: nós, nas segundas-feiras, quando tratarmos dos processos a serem discutidos e deliberados na semana, vamos também tentar incluir este item na Pauta, para que se estabeleça esse equilíbrio.

O Vereador que me antecedeu, Ver. Carlos Comassetto, falou a favor do desarmamento e fez a sua sustentação. Eu não vou fazer aqui sustentação, mas vou dizer que sou contrário ao desarmamento, já para estabelecer, Ver. Ibsen Pinheiro, o equilíbrio que se faz necessário. O Ver. Carlos Comassetto veio aqui e disse que é a favor do desarmamento.

Pois bem, eu aqui, tentando o equilíbrio, vou dizer que sou contra ao desarmamento. Evidentemente, não vou trazer aqui os argumentos, porque tomaríamos muito tempo. Então, é um apelo que faço à Casa, vamos ver se - nas reuniões administrativo-políticas, que nós temos às segundas-feiras, pela manhã - tentamos encontrar um equilíbrio, exatamente para cumprir esta disposição que, verbalmente, nos passou a Justiça Eleitoral. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Devolvo a palavra ao nobre Presidente, Ver. Elói Guimarães. Quero registrar, nobre Presidente, pois é importante esclarecer aos colegas Vereadores que o art. 23 do Regimento Interno diz o seguinte (Lê.): “Quando o Presidente estiver com a palavra, no exercício das suas funções, durante as Sessões Plenárias, não poderá ser interrompido nem aparteado”. O Presidente foi aparteado, e é importante a existência do aparte, até porque contribui com o debate, mas o Regimento não permite, apenas para registro. Muito Obrigado.

 

(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu gostaria de dizer que eu acho que não foi um aparte, mas, sim, uma indagação. Embora o Ver. Ibsen Pinheiro tenha utilizado o microfone destinado ao aparte, ele fez uma indagação à opinião do Vereador sobre as determinações da Justiça Eleitoral.

Mas, de qualquer forma, o Ver. Aldacir Oliboni, ao ler as disposições, procedeu bem, porque nós somos escravos do Regimento, das normas, das leis, pois aqui estão presentes os princípios da liberdade, da igualdade, para que possamos desenvolver, com eficácia e qualidade, os trabalhos desta Casa.

Encerrado o Grande Expediente.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, colegas Vereadoras, colegas Vereadores, cidadãs e cidadãos, hoje nós tivemos aqui, na Tribuna Popular, um belo exemplo de como devemos tratar a questão da exclusão social – não no discurso fácil, mas na ação concreta, ousada, revolucionária, contundente e transformadora. Hoje, meu caro Líder Todeschini, nós temos de nos manifestar, obrigatoriamente, sobre a questão dos moradores de rua na nossa Cidade.

Ontem, Ver. Dib, toda a margem da Praça da Matriz, na frente do prédio Solar das Palmeiras, estava tomada por três moradores de rua, que no feriado transformaram a Praça da Matriz num galpão de reciclagem. Num galpão de reciclagem! Insuportável a tomada dos espaços públicos, das calçadas. Enquanto isso os nossos albergues, em vários momentos, não têm ocupação total. Não têm ocupação total os nossos albergues e, muitas vezes, as entidades benemerentes, filantrópicas não têm ajuda, porque na Praça da Matriz, todas as noites, há algumas pessoas que se acham cidadãos, acima de tudo, devem ter muita culpa na sua consciência, porque distribuem uma quentinha, distribuem um suquinho, distribuem um sanduichinho, como se isso fosse resolver o problema da exclusão social. Por que não levam isso para a FASC? Por que não levam isso para as instituições filantrópicas que, efetivamente, dão guarida aos moradores de rua e às pessoas que necessitam? Não! Elas fazem isso para desencargo de consciência, transtornando a vida dos cidadãos e incentivando o uso de drogas, a bebedeira nas ruas da cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. Maurício Dziedricki: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli, tenho uma militância voltada para ações sociais - por meio do Instituto Mais Porto Alegre - e registro a minha preocupação junto a algumas questões das comunidades carentes aqui de Porto Alegre. Agora, um fato inédito, que eu não havia visto até então, foi o da competição, porque muitas dessas entidades concorrem entre si. Cito o exemplo da Praça da Matriz, onde, num determinado dia, quatro entidades foram levar alimentos, a ponto daquelas pessoas, daqueles indigentes, daquelas crianças de rua já começarem a negar o alimento, dizendo que já tinham sido atendidos, oportunizando, também, para que eles pudessem optar qual seria a melhor refeição: a sopa, ou sanduíche, ou se seria o salgadinho! Ou seja, nós temos de ter uma centralização dessas ações, porque o voluntariado contribui muito com o Poder Executivo.

 

O SR. ADELI SELL: Quero fazer um apelo: que o voluntariado desta Cidade procure a Srª Brizabel Rocha, que é a Diretora-Presidente da FASC. Ela tem a competência - dada pelo Sr. Prefeito Municipal - de dirigir a Fundação de Assistência Social e Cidadania de Porto Alegre. Por sinal, ela tem uma visão – já discuti com ela, que considero corretíssima - de fazer uma articulação com a Secretaria de Saúde, com as ONGs, enfim, e tirar as pessoas da rua – eu estou falando a Língua portuguesa –, as pessoas não podem ficar na rua, ninguém consegue mais passar ao lado da Igreja Luterana, na Rua Senhor dos Passos, que foi tomada, tem uma construção de um morador de rua! Assim acontece ao lado do Pronto Socorro, onde a calçada também está intransitável! E há quem dê alimentação para as pessoas na rua. Isso está errado, eu não vou me conciliar com esse atraso, como dar, por exemplo, esmola - isso é fazer com que as crianças continuem na rua.

Nós cobramos do Poder Público, sim! Eu sou um contumaz Vereador, fiscal, que cobro de quem seja Governo, mas agora sou obrigado a dizer: se as entidades, as ONGs e as pessoas voluntárias quiserem ajudar, ajudem a Prefeitura procurando a FASC, e não continuem fazendo essa barbaridade, porque não podemos transformar a Praça da Matriz, um ponto de referência do nosso turismo, num lugar onde não se pode caminhar, como se isso resolvesse os problemas. Assim não se resolve problema social.

Eu quero fazer um apelo público, vou continuar a fazer esse enfrentamento. Eu sei que muitas vezes é antipático colocar essas questões, mas eu não vou “dobrar a minha espinha” diante do conservadorismo, porque essas pessoas não estão trabalhando para acabar com a exclusão social; elas estão trabalhando para que as outras continuem a ser mendigos! E nós não queremos mendigo; nós queremos cidadãos, pessoas que possam ter um espaço onde tenham sua alimentação, onde possam morar, que tenham dignidade. Isso já foi mostrado muito bem hoje, aqui, através da Tribuna Popular, no caso das crianças e adolescentes.

Não bastasse isso, Ver. Dib, nós temos as crianças vendendo flores na Cidade Baixa mais uma vez. Aqui no entorno da Câmara há crianças circulando, cheirando loló, e na Usina do Gasômetro, ao lado da capatazia do DMLU, ponto de drogação desta Cidade. Por isso eu venho aqui e coloco essas questões. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Alceu Brasinha.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Exmo Sr. Presidente, companheiro e Vereador Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui nas galerias da Casa e através da TVCâmara, eu venho aqui hoje, abusando da boa vontade do Ver. Brasinha, para registrar uma das minhas maiores tristezas nos últimos tempos, quando, regressando de viagem, neste fim de semana, comecei a me deparar e tratar do tema chamado pichação. Eu fiz a rota que dá abertura para a Cidade através da rodoviária. Vocês vão ver, acompanhando sistematicamente os prédios, os bens públicos, os monumentos, o afronte de juventude, e também talvez não somente de juventude, mas um afronte que eles cometem agredindo publicamente o povo de Porto Alegre. É uma vergonha! É um absurdo o que tem sido feito e tem sido demonstrado através dessas paredes: ofensas políticas, questões que na verdade não deveriam estar lá postas, porque, antes de mais nada, nós devemos reservar o bem público à sua integridade e reservar também o direito daquelas pessoas, daqueles cidadãos de bem, de terem as suas casas e seus prédios preservados.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Minha solidariedade. Estou escrevendo aqui (Mostra o rascunho.), uma carta ao Sr. Prefeito Municipal sobre esse tema. Meu endosso total e absoluto; cem por cento!

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Eu quero registrar com vocês que, juridicamente, pichar edificação ou monumento urbano é crime, e é um crime ambiental, nos termos do artigo 65 da Lei nº 9.605 de 1998, com pena de detenção de três meses a um ano. Nós devemos, neste momento, somar os esforços. A sociedade que está aqui posta, que deve defender, antes de tudo, uma cidade limpa, está aqui através dos 36 Vereadores deste Parlamento Municipal, e junto àquelas entidades da Polícia Civil, da Brigada Militar, das entidades que tratam a pichação não como destruição do patrimônio, mas como grafite, nos somarmos numa ação, numa onda que deve percorrer toda a cidade de Porto Alegre, porque é triste o caminho da pichação. Nós estamos vendo, e vivemos na Semana Farroupilha, a agressão explícita aos nossos monumentos - agressão verdadeiramente explícita, com palavras que causam constrangimento e que não ouso repetir.

Agora, de que forma nos portaremos? Eu quero ajuda, porque eu não quero mais ver a minha Porto Alegre desse jeito. Não sei se o melhor encaminhamento que devemos fazer aqui é nos reunirmos em comissões discutirmos, mas acredito que, antes de tudo, nós devemos sair à rua e mostrar a nossa reprovação a cada um dos que fazem uso da pichação como símbolo fálico, como capacidade de autopromoção do seu nome, a exemplo do que já acontecia com o Toniolo e tantos outros pichadores famosos aqui de Porto Alegre.

Eu quero registrar com os companheiros, meus caros Pares Vereadores, que não existe restrição para a venda de tintas em spray. Uma lata de spray custa em média 14 reais. A minha preocupação em tomar uma medida mais coercitiva, como existe em outros Municípios, de proibição da comercialização para pessoa física é não ofender aqueles artistas plásticos e os mecânicos que usam lata em spray para pintar a bicicleta ou então pintar os automóveis. A minha preocupação é justamente não atrapalhar a vida profissional de inúmeras pessoas que se valem do spray em lata para a sua profissão.

Agora, preocupa-me também nós não termos uma política verdadeiramente restritiva que impeça que pessoas cada vez menos preparadas, menos dignas, menos justas afrontem os nossos patrimônios, patrimônio particular e patrimônio público.

Há que se ter cuidado, e eu evoco aqui a todos aqueles que nos acompanham, ao público nas galerias, para que prestem atenção: Porto Alegre está suja, e nós devemos, mais do que nunca, construir uma interface entre o nosso Poder Legislativo, entre o Poder Executivo e a sociedade para que não tenhamos essa triste imagem, esse cenário sombrio que os pichadores nos trazem. E que o grafite seja reconhecido como expressão de arte. Agora, que essas palavras, esses nomes que muitas vezes evocam apenas aquele interesse de autopromoção, esses sejam punidos, e punidos, sim, com medidas absolutamente restritivas, e que eles paguem por todos os danos que cometem. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público aqui presente e o que nos acompanha pelo Canal 16, eu queria, inicialmente, me solidarizar com os servidores municipais que têm feito uma caminhada incansável para poder manter a bimestralidade. Nós temos verificado que não é por acaso que em época de campanha nós ouvimos alguns candidatos dizerem que vão manter determinados princípios e que, logo ali adiante, encaminham para a Câmara Municipal um Projeto de Lei que acaba com a política salarial dos servidores municipais. Eu me refiro a essa incoerência que os Vereadores, Prefeitos ou Deputados, não devem ter. É uma incoerência dizer uma coisa na campanha e depois fazer outra. É por isso que os servidores municipais estão fazendo um movimento para que o Governo Municipal retire esse Projeto para o fim da bimestralidade. É nesse sentido que faço este registro e tenho certeza de que esse movimento é legítimo; tanto é legítimo que esses servidores não sejam perseguidos, nem assediados, porque existe um Projeto de Lei contra o assédio moral nesta Casa, foi aprovado, é de autoria deste Vereador, e as denúncias são diárias de que servidores estão sendo assediados. É direito legítimo de os servidores buscarem a sua legítima defesa. E por isso apenas quero registrar que a luta é legítima e, mais do que nunca, é um direito do trabalhador - independente de onde ele esteja - lutar pelos seus princípios, pelos seus direitos, e por aquilo que mais ele quer: prosseguir com seu emprego, com dignidade e, acima de tudo, com respeito das chefias e dos seus superiores. (Palmas.)

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Oliboni, nós reconhecemos a sua trajetória como Vereador que orgulha a cidade de Porto Alegre; agora, gostaria que V. Exª também falasse, por que o seu Governo, o PT, suspendeu a bimestralidade? Gostaria que V. Exª dissesse alguma coisa a respeito.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Ver. Ervino Besson, eu tenho aqui um outro assunto para falar, mas vou lhe dar retorno: se V. Exª andou na rua, como eu andei na época da campanha, ouvia os gritos dos nossos servidores municipais pela manutenção da bimestralidade. O nosso Governo disse que era temporário, porque assim que aumentasse a receita, voltaria a bimestralidade, ao contrário do que o atual Governo fez, mandou o Projeto extinguindo a bimestralidade. Portanto, é apenas uma questão de coerência e de linha de discurso.

Vereador Besson, eu tenho um outro assunto e quero dizer o seguinte: esses servidores continuam com a sua luta legítima, e eu quero só verificar se realmente o seu Governo, o Governo que V. Exª apóia, vai manter ou não a bimestralidade. Eu quero dizer que este Vereador, por vir do Movimento Sindical, pertencer à área da Saúde e verificar diariamente essa luta, seja dos postos de saúde ou do HPS, e verificar o clamor desses servidores, acha que é mais do que justo manter uma política salarial para os servidores e não extingui-las de uma vez por todas.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Mas, Ver. Oliboni, pelo amor de Deus! V. Exª, temporariamente... V. Exª sabia que o Governo anterior simplesmente “passou a bola” para o outro Governo que iria assumir a Prefeitura. Então não é por aí, Vereador.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: O Governo que V. Exª apóia, para ter uma idéia, recebeu neste ano, o Governo do Estado, e repassou para o Município um bilhão e 411 milhões de reais para a área da Saúde. O Governo Rigotto não repassou - em dois anos - seiscentos milhões de reais para o Município de Porto Alegre. Aí, V.Exª vem com esse discurso dizer que só nós estamos errados. Afinal de contas...

 

O Sr. Ervino Besson: Eu não disse isso, Vereador.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Então não dá para generalizar.

 

O Sr. Ervino Besson: Eu não disse isso.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Vossa Excelência disse que nós queremos manter o fim da bimestralidade. Pelo contrário, nós elencamos na campanha e dissemos com veemência, naquela época, que nós suspendíamos temporariamente por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Nós não fizemos o que o Governo Fogaça fez: encaminhou um Projeto para extinguir a bimestralidade, ou a política salarial. Estou apenas dizendo que nós estamos solidários, solidários à campanha e à luta dos servidores por melhores condições de trabalho, por melhor qualidade de vida e pela manutenção de uma política salarial. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, ...

 

(Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Por favor, gostaria que os funcionários presentes nos dessem condições para que o orador possa se manifestar. Obrigado.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado, Sr. Presidente, fazendo o reparo de que essas vaias não são contra este Vereador e nem contra aquilo que irei falar. (Palmas.) Obrigado pelos aplausos.

Venho falar, novamente, Vereadores, em defesa do nosso Projeto, referente ao parcelamento do ITBI. Possivelmente, na próxima segunda-feira, tenho certeza de que vamos derrubar o Veto ao nosso Projeto - protocolado por este Vereador - mas desta Casa, porque foi construído com muita luta por aqueles que conhecem e sabem da necessidade do Projeto, que vem dar condições a milhares de pessoas que adquiriram imóveis nesta Cidade e, até hoje, não conseguiram regularizar por causa do custo do ITBI, mais o custo do Registro de Imóveis e a escritura.

Este Projeto dá garantias ao Executivo Municipal, através de decreto, dizendo quem poderia parcelar, quais os valores, e em quantas parcelas, até o limite de 12 parcelas.

E nós fomos pegos de surpresa, quando recebemos o Veto do Prefeito que, ao mesmo tempo em que Veta, apresenta um Projeto semelhante.

Ficamos muito surpresos, Ver. Todeschini, porque somos da base do Governo, ainda que muitas vezes, e certamente em muitas, não votaremos com o Governo, porque votaremos com a população. Não é o Governo quem nos elege, e sim a sociedade, aquelas pessoas que acreditam nas nossas propostas, e temos de dizer que sim, que somos da base do Governo, mas que votaremos nos projetos que nos convencerem por serem projetos sociais ou de interesse da coletividade e não de interesse desse ou daquele segmento.

Eu espero - nesta próxima segunda-feira, ou na quarta-feira ou na quinta-feira, quando nós, obrigatoriamente teremos de votar o Veto - ter esse Veto derrubado, porque não é justo que se vete um projeto de qualquer Vereador e se apresente Projeto semelhante. Quando o Executivo diz que o seu Projeto é mais abrangente, nós apenas vamos citar alguns exemplos, ele diz que é mais abrangente, mas tira direitos já adquiridos.

Hoje, por exemplo, aquele mutuário que financia parcela destinada à compra de um imóvel, esse valor financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação tem uma limitação de 0,5% para o pagamento de ITBI, e, infelizmente, o Governo vem limitar esse valor, hoje, a 30 mil UFMs. Então, dessa forma, é um registro de que, na verdade, o Governo tira e não acresce.

 

O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado pelo aparte, Ver. Bernardino. Eu quero ser coerente, porque Projeto de igual teor e natureza foi apresentado aqui no final de 2002, pelo Vereador, na época, Estilac Xavier, hoje Deputado, e havia sido aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça na época em que éramos base do Governo.

Portanto, um Projeto meritório que vem ao encontro das finanças do Município, e não vejo motivo de o Prefeito vetar, uma vez que estamos aqui aprovando e apoiando um Projeto de sua autoria, mas que é bom para a Cidade e para atender às reivindicações dos municipários. Muito obrigado.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Quando o Prefeito invoca o vício de origem, nós gostaríamos de dizer que a base legal ao nosso Projeto se buscou lá no art. 56, inciso I, da Lei Orgânica do Município e no art. 156, Inciso II, da Constituição. Infelizmente, no Veto, não foi mencionado, sequer foram contestados na nossa base legal.

 

O Sr. Ibsen Pinheiro: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, Vossa Excelência merece os nossos reiterados cumprimentos, não só pelo conteúdo social da sua iniciativa de beneficiar as pessoas, especialmente as de baixa renda, e também pelo conteúdo tributário, que, sem dúvida, vai incrementar a Receita municipal nessa área, tirando da clandestinidade uma imensa gama de contribuintes por falta de meios.

E V. Exª também contribui para que se aprimorem os nossos costumes e matéria constitucional. O Regime Militar deixou uma pesada herança, que é o preconceito contra a iniciativa parlamentar em matéria tributária. Encontramos aqui nesta Casa um quisto de resistência a essa matéria. Travamos essa luta na Comissão de Justiça. Nada impede a iniciativa do Vereador em matéria tributária, e V. Exª, usando essa prerrogativa, fez um bom Projeto. E, se o Executivo quer aprimorá-lo, está fazendo-o através de um Projeto próprio, que virá em votação posteriormente ao de V. Exª, e que poderá, eventualmente, alterar o Projeto de V. Exª naquilo em que contrariar, revogar ou em que aperfeiçoar. Por essa razão, V. Exª tem toda razão, todo o direito de lutar pela manutenção de Veto, que contará com a solidariedade dos seus companheiros, e eu espero, dos seus Pares.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Receber apoio de V. Exª, sabendo do seu conhecimento, nos reforça cada vez mais e nos convence de que esta Casa irá, sim, derrubar o Veto.

Sr. Presidente, peço apenas um segundo para complementar.

Eu agora passo a um outro assunto, Sr. Presidente, que acho de suma importância, pediria uma atenção especial da Verª Margarete Moraes, nossa conterrânea lá da cidade de Irai. Diga-se de passagem, todas aquelas Cidades que se avizinham com a cidade de Irai fazem parte da Grande Irai. Aqueles que pensam que Irai é pequena, não! É que não conhecem a parte de baixo, Vereador Dr. Goulart, onde é fabricada a água mineral, lá nós temos mais de cem mil habitantes.

Mas eu trago para presentear a Ver. Margarete Moraes uma fotografia do seu pai, quando militava na política, na época em que Leonel Brizola foi Governador deste Estado. Sou portador dessas fotografias, fornecidas por Volnei Radaelle, que eu gostaria de lhe passar, e que depois pudesse passar aos nossos colegas aqui. Obrigado, Sr. Presidente, pela tolerância.

(Não revisado pelo orador.)

 

(Entrega fotos para a Verª Margarete Moraes.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Vereador Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Vereador Elói Guimarães, nosso Presidente; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, demais pessoas que nos visitam. Estou vindo do Palácio Municipal onde estive conversando por longo tempo com o nosso Prefeito Fogaça e com o Vice-Prefeito, Eliseu Santos. O que me levou à visita foi este impasse que não se consegue resolver com relação ao atendimento na Saúde, mais especialmente no Extremo Sul desta Cidade. E o Extremo Sul envolve a minha querida Restinga, o Lami, Belém Velho, a Extrema, aquela zona onde o meu Vice-Líder, que muitas vezes é Líder, Mario Fraga, também milita. Preocupa-nos que nos postos de saúde não se consiga atendimento porque não há médicos nos postos! Não há médicos! Em reunião com os médicos, eu perguntava: “Por que nesta região da Cidade não há médicos? Por que isso nesta região?” E eles diziam da grande dificuldade que era se locomover todos os dias com seus carros, 30 Km, 40 km, de ida e volta; só para a gasolina ia todo o salário. Imaginem os funcionários da Saúde que ganham menos! Em passagens de ônibus vai quase todo o seu salário! Nem pensam em ir até lá de carro - caso os tenham - pelo preço da gasolina que aumenta todo dia. O Prefeito se preocupou, e acho que, nessa luta que vamos travar para garantir o ganho do trabalhador, houve um avanço, porque eu protocolei aqui, na Casa, um processo relativo ao difícil acesso para ir trabalhar naquela região, específico para a região do Extremo Sul, de 50% de aumento do salário básico para todos os funcionários da Saúde daquela região, e o Prefeito o acolheu. Evidentemente que ele terá que fazer modificações no sentido de que há vício de origem no Projeto feito por este Vereador. E ele, em vez de “difícil acesso”, vai premiar os funcionários da Saúde daquela região com 50% em “falta de provimento”, uma outra figura que fará com que os médicos possam ir aos postos de saúde, o que tornará essa situação ainda não muito boa, mas pelo menos vão passar a receber um pouquinho daquilo que gastam para lá se deslocar, para a sua alimentação.

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, quero cumprimentar V. Exª por trazer este tema ao debate, é um assunto que precisamos debater. Na semana passada, tive uma audiência como Sr. Secretário da Saúde, Pedro Gus, e, desde o início do ano, estão faltando nove médicos na região da Restinga; foi prometido que no terceiro mês aconteceria a reposição, mas não aconteceu. Quanto aos oito PSFs que também já deveriam estar em construção, nada aconteceu. Portanto, sou solidário com V. Exª para nós enfrentarmos esse debate da Saúde de uma maneira organizada e propositiva.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado, Vereador, preciso de apoio.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Goulart, sei da sua preocupação com os funcionários, com a Saúde, mas queria fazer um registro que já fiz da tribuna: os municipários não querem mais penduricalhos, querem reajuste salarial e para toda a categoria! (Palmas.)

 

(Manifestação nas galerias.)

 

A Srª Sofia Cavedon: Tratamento igualitário!

 

A Srª Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Goulart, sei que V. Exª é uma pessoa que trava uma luta na área da Saúde, como todos nós, mas, em primeiro lugar, não podemos pensar isoladamente, até porque há vários locais na cidade de Porto Alegre que são de difícil acesso, mas V. Exª tem de cerrar fileira conosco em primeiro lugar para retirar esse Projeto que vai prejudicar toda a categoria dos municipários...

 

(Manifestação nas galerias.)

 

A Srª Maristela Maffei: ...e fazer valer, junto conosco, a questão da bimestralidade, que foi interrompida, mas não foi acabada! (Palmas.) Pois, quando as situações forem colocadas novamente, esperamos que isso seja feito de uma forma que possa honrar todos os municipários. Obrigada, Sr. Vereador.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado pelas participações. É evidente que temos que lutar contra uma situação maior... E aqui peço o tempo de Comunicação de Líder, Sr. Presidente, para que eu possa continuar falando...

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. GOULART: Agradeço à minha Bancada, especialmente ao Ver. Besson, que iria falar no tempo de Comunicação de Líder, mas o cedeu para mim. É evidente que vocês estão cobertos de razão, mas eu não posso deixar de conseguir, rapidamente, o provimento para a Zona Sul, porque lá as pessoas não estão sendo atendidas! As pessoas estão com dificuldade de fazer exames! As pessoas estão com dor, estão sofrendo! E precisamos que as pessoas sejam atendidas a curto prazo! É evidente que a nossa luta por melhores salários é muito maior, mas isso não se resolverá em duas ou três semanas. Sabem os Vereadores muito bem que mesmo que nos unamos todos em solidariedade aos funcionários, que merecem e que têm que ter reajustes dignos, esta é uma luta maior, na qual nós estamos engajados junto com vocês! Eu estou falando de um primeiro passo que é atender as pessoas que têm que vir ao Santa Marta às 4h da manhã, que não são atendidas e precisam ser atendidas na sua região. A Saúde é diferente! Nós precisamos prover aquelas pessoas de atendimento! Por isso não é penduricalho! É um convite para que as pessoas possam ser mais bem atendidas, ou melhor, serem atendidas, já que não estão sendo. Não me ofende a palavra “penduricalho”, porque sei muito bem o que estou fazendo! Claro que temos uma luta grande, mas não será em três dias, em quinze dias que vamos resolver o problema dos funcionários - e esse é um problema que temos de resolver! Logo em seguida apresentei para o Prefeito... E aí, sim, talvez seja do encanto dos Vereadores: pela primeira vez um Prefeito se compromete com um plano de carreira, cargos e salários da Saúde! Assim como os municipários têm, na Educação, o seu Plano de Carreira - e a Educação vai bem, e a aposentadoria de um professor do Município é boa -, nós temos que começar um plano de carreira, cargos e salários na Saúde. Esperamos que o Prefeito comece a fazer um estudo, permitindo-nos que façamos uma Comissão Especial para estudar isso! Mas essa é uma luta para muito tempo, também! É uma luta para muito tempo! Claro que nós temos de estar engajados e temos que nos preocupar com a luta dos municipários agora. Sim, vamos nos preocupar, também! Mas a Saúde em primeiro lugar! Nós temos que prover isso. Não vai sair agora o plano de carreira, de cargos e salários. Essa é uma discussão para todo o período de Governo. Mas nós estamos preocupados, junto com todos os sindicatos da classe, no sentido de começar a estudar isso. E eu espero que esta seja uma contribuição de um Vereador que está sempre cobrando a respeito do encaminhamento da Saúde. Claro, em seguida vamos estudar o que está acontecendo no assunto da negação da bimestralidade! Os outros, que deixaram de pagar a bimestralidade num determinado momento... E, agora, esses outros querem modificar a bimestralidade! Esse é um outro assunto. Não é sobre isso que eu estava falando; eu estava falando sobre a missão que fui fazer lá junto ao Prefeito e sobre informações que trouxe para os senhores, que é uma obrigação de quem foi eleito também pela classe da Saúde. Obrigado. (Palmas.) (Manifestações nas galerias.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, a palavra é aranzel. Aranzel é o discurso que se faz, dando voltas, voltas e mais voltas, não conduzindo a nada. Parece que há uma especialidade de alguns Vereadores desta Casa em fazê-lo, como, por exemplo, assinar um Requerimento para que o Prefeito retire da Casa o Projeto que para cá encaminhou. Não é coisa digna de Vereador, não! Não é! Não é esse o respeito que deve haver de um Poder ao outro! Ou, por exemplo, propor uma audiência pública para resolver um problema que é extremamente sério... Esse também não é o caminho!

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu não vou dar aparte. Nós estamos vivendo um momento extremamente difícil, porque há uma necessidade de reajuste salarial. Disso ninguém duvida. Agora, o homem público é aquele que sabe sentir os anseios da sua coletividade e tem capacidade de resposta. Como é que nós estamos respondendo para aqueles que estão buscando o nosso apoio? Nós não estamos dando respostas. Nós estamos fazendo aranzéis, não outra coisa!

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Não vou dar aparte, Vereador. Lamentavelmente, eu nunca faço isto, mas não vou dar aparte porque eu preciso concluir.

Então, nós esquecemos que somos Parlamentares e que deveríamos conjugar o verbo “parlamentar”. Ou nós não temos mais capacidade, ou não temos confiança em nós mesmos para reunir as Lideranças, ouvir alguns dos servidores, pelas suas lideranças, e ir lá conversar com o Prefeito! Não, nós vamos fazer uma audiência pública. Nós vamos encher este plenário e todos vão falar ao mesmo tempo! Nós não sabemos o que vai acontecer, mas nós vamos fazer discurso. Outros aranzéis, porque nós não queremos resolver o problema! A Administração que saiu é que terminou com bimestralidade, de forma incompetente, inclusive, e eu não estou pedindo aplauso nem vaia, eu estou falando a verdade, só isso. É só olhar o documento que retirou a bimestralidade para ver se ao menos as leis em que se baseiam estão certas. (Manifestações nas galerias.) Eu não estou preocupado com o apoio ou com a vaia dos meus colegas, porque eu também sou um servidor municipal por vocação, formação e convicção, e eu sei o que é a dificuldade que os municipários estão enfrentando.

Eu também quero dizer que o próprio Projeto que o Prefeito mandou para esta Casa não é o projeto que deveria ter sido mandado, porque ele realmente não colocou, e tem meios de colocar porque essa é a idéia do Município, a política salarial. Ele quer que seja dado o IPCA, que nos últimos 12 meses foi de 6,02%; o IGP-M dos últimos 12 meses foi de 2,17%. Então por que não simplificam as coisas? Por que não se reúnem Vereadores pelas suas Lideranças e o Prefeito e encontram a solução que deve ser encontrada? Eu não estou inventando nada: o Procurador-Geral do Município que, no ano passado, assumiu a Prefeitura e a exerceu de uma forma estranha para mim, arranjada na Comissão de Justiça desta Casa - conseguiu fazer uma reforma, por Decreto, na Procuradoria Geral do Município em que toda a Procuradoria foi reformulada. Agora há um outro projeto fazendo uma nova reforma. Se eles fizeram isso, será que não leram o documento que deram para o Prefeito assinar cujo número da lei está equivocado? Por isso eu digo que eu não quero mais do que falar a verdade, e eu acho que a Câmara tem as condições necessárias para equacionar e ajudar a resolver o problema, mas não com aranzéis. O que eu vejo aqui é a busca de aplausos, porque é muito fácil contentar aquele que está necessitado dizendo que o apóia, mas palavras são palavras, ações são ações, e aranzéis são aranzéis, e eu não vou fazer nenhum deles. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. MARIO FRAGA (Requerimento): Sr. Presidente, a base do Governo tem interesse, e eu falei com alguns Vereadores - agora vejo a Verª Maristela Maffei, do PSB, peço desculpas por não ter falado antes -, para que se faça Reunião Conjunta das Comissões para votarmos o Parecer do Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Isso já havia sido acertado em reunião administrativa que fazemos todas as segundas-feiras. Isso já ficou deliberado. Então, eu convido o Ver. Ibsen Pinheiro, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, para que inicie a Reunião Conjunta das Comissões para análise do Parecer do Relator do Projeto das PPPs.

A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder e logo após deverá ocorrer a Reunião Conjunta das Comissões.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que estão aqui nos assistindo e através do Canal 16, com a consideração e a gentileza do Ver. Ibsen Pinheiro, faço uso do espaço de Comunicação de Líder para falar em relação a uma nota que saiu esta semana no Jornal do Comércio sobre a sala da liderança do Partido Socialista Brasileiro. Eu gostaria de dizer que para nós isso não era uma batalha, até porque é um detalhe administrativo e técnico da Casa, mas que todas as Bancadas têm direito, apesar de ter uma opinião de que a sala que era ocupada pelo Ver. Garcia era uma sala do PSB, e acho, sim, que muitas vezes as pessoas se sentem demasiadamente importantes, tentam trabalhar sobre as minorias de uma forma deselegante, de uma forma que não faz bem a ninguém. Eu quero elogiar a forma como o Presidente desta Casa e também o Diretor-Geral, nessa questão específica, trataram da situação e dizer que a Bancada do PSB não tem problema nenhum em ocupar a outra sala, apesar de lamentar, Sr. Presidente, a atitude, quando vem de uma Liderança do Governo - essa é a forma como também estão tratando os municipários -, de ter uma forma mais responsável e elegante com o conjunto desta Casa.

Em segundo lugar, gostaria de ressaltar que quando se começa a fragmentar a luta, é justamente para desviar daquilo que é o conjunto das reivindicações, dos encaminhamentos de uma categoria. E quando a gente vê que começam a beneficiar determinados segmentos, por exemplo, o da Saúde e por maior que seja o mérito e o trabalho do Ver. Dr. Goulart que me antecedeu, eu acho que é justo que os funcionários da área da Saúde tenham a sua organização, as suas conquistas. Agora, há várias regiões em Porto Alegre, que é uma cidade muito grande, por exemplo, a Lomba do Pinheiro, enfim, tantas outras. E quando começam a “cortar o bolo”, eu lembro de Delfim Neto, que dizia: “Vamos dividir o bolo e depois todo mundo vai comer.” A gente sabe que não funciona assim. Isso é lorota, me desculpem a expressão, para desviar o cerne da questão.

Nós, da Frente Popular, tivemos, por intermédio da conquista dessa categoria, a implementação da bimestralidade. O ex-Prefeito João Verle dizia, há quase três anos, que não havia condições na ótica da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas, nem por isso, a categoria deixou de ter razão e continuou lutando. Agora, vir aqui e tirar a possibilidade de continuar, sem indicar um novo índice, não! Eu nunca tinha visto isso na história desta Cidade. É muito grave! É brincar, é tripudiar! Sempre fizemos a crítica e aceitamos a pressão, como Frente Popular, da categoria que vinha e tencionava mesmo. Todo o Governo tem o seu Projeto. Agora, não apresentar nada, tirar o mínimo que se tem? Isso não existe, senhoras e senhores! Isso a gente vê não apenas na política do funcionalismo público, nós vemos despencando as paradas de ônibus de Porto Alegre, nós vemos uma Cidade triste e suja, nós vemos uma falta de continuidade nas políticas sociais, aquilo que deveria ser o quotidiano, aquilo que tem que ser zelado na Cidade, assim como os serviços essenciais que precisam ser cuidados. Ninguém pode dizer que a cidade de Porto Alegre pode andar para frente sem respeitar a categoria dos municipários.

Portanto, Sr. Presidente, essa é a posição do Partido Socialista Brasileiro, já coloquei as considerações em relação a sua postura, mas não poderia deixar, também, de colocar as considerações que, com certeza, a Frente Popular compartilha, assim como acredito que outros Vereadores venham a se somar a elas, porque são importantes. Mas nós sentimos que a base do Governo - aquilo que se dizia lá na época das eleições -, o Partido da mudança está começando a tirar a máscara e a demonstrar por que veio. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu quero agradecer a Verª Maristela Maffei, pois foi proposto um entendimento e ela aceitou. Por isso, receba a minha saudação.

Convido o Ver. Ibsen Pinheiro, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, para presidir Reunião Conjunta das Comissões. Nesse sentido, levanto os trabalhos da Sessão Ordinária para que se faça a Reunião Conjunta das Comissões.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h16min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 17h43min): Estão reabertos os trabalhos.

Eu gostaria de comunicar às Lideranças e aos funcionários do Executivo que, na próxima segunda-feira, Ver. Raul Carrion, logo após o término da Sessão Ordinária, conforme já foi discutido, nós faremos um debate, aqui na Casa, com as Lideranças, com os Vereadores, com os integrantes do Executivo Municipal, que serão convidados, bem como com os funcionários, que estão mobilizados. Então, já fica acertado, aqui, com as Lideranças que, na segunda-feira, pela manhã, nós estabeleceremos as regras do debate que nós vamos fazer com os funcionários e representantes do Governo Municipal.

Eu também quero comunicar que o Prefeito e os Secretários entregarão, amanhã, pela manhã, às 9h30min, no Salão Nobre da Câmara, o Orçamento para o ano de 2006. Então, eu convido as Sras Vereadoras e os Srs. Vereadores para estarem presentes na entrega desse documento importante, que é o Orçamento do Município de Porto Alegre.

O Ver. Mario Fraga está com a palavra.

 

O SR. MARIO FRAGA (Requerimento): Sr. Presidente, eu estava inscrito e solicito verificação de quórum.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Carlos Todeschini.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu quero dizer que estão inscritos, aqui, para Liderança... Há alguma inscrição para Comunicação de Líder? (Pausa.)

Visivelmente, não há quórum....

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, eu gostaria que V. Exª fizesse a verificação de quórum. Mas eu quero lembrar que na segunda-feira foi pedida a verificação de quórum, havia um Vereador inscrito em Liderança, e V. Exª fez um apelo para que fosse concedida a palavra a ele, e foi concedida a palavra ao Ver. Luiz Braz; só depois, então, verificado o quórum. Então devemos ser isonômicos.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu não tenho a inscrição do Ver. Carlos Todeschini aqui. Quando eu estava encerrando, e ouvindo o Ver. Mario Fraga, é que o Ver. Carlos Todeschini pede a palavra para Liderança, então significa dizer que não estava inscrito.

Solicito abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Carlos Todeschini. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Dez Vereadores presentes. Não há quórum.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h49min.)

 

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